Alunos da primeira fase finalizam semestre com publicação de textos
Atividade fez parte da disciplina de Laboratório de Apuração e Escrita Jornalística I e teve o objetivo de exercitar as técnicas trabalhadas em aula
Durante o primeiro semestre de 2024, os alunos matriculados na disciplina de Laboratório de Apuração e Escrita Jornalística I, ministrada pelo professor Sandro Galarça, tiveram diversos conteúdos sobre técnicas de apuração e escrita dos padrões jornalísticos. Aprenderam a elaborar e produzir uma pauta, a verificar informações das mais diversas maneiras. Agora, ao final do semestre, precisaram cobrir uma pauta entre seis temas propostos como atividade de encerramento da disciplina.
O resultado você acompanha aqui no Nosso Tal.


“BARA BA BEMBA BREA BA BREA BREA BREO BREO BREM BRA BRAM, afirma Crazy Frog”, destaque de Summer Eletrohits
Coletânea, que completa 20 anos em 2024, ainda conquista gerações com seus ritmos e memes
Por Anna Coirolo

No verão de 2006, a frase de “Crazy Frog” gerava muitos questionamentos. Correntes de e-mail da época alegavam que o sapo não era de Deus. Esse trecho é de um dos sucessos da coletânea Summer Eletrohits, que marcou um período em que a internet não era popular no Brasil. Ativa entre 2004 e 2020, a coletânea trazia sucessos internacionais aos ritmos de Euromusic, Eletrônica e Dance, com CDs lançados pelo selo Som Livre, do grupo Globo. Nos últimos álbuns, houve inclusão de músicas nacionais e mudança para plataformas digitais.
Às vésperas do primeiro álbum completar duas décadas de lançamento, as músicas da coletânea ainda embalam as pistas de dança e atraem o público. Em fevereiro deste ano, ocorreu a festa temática “Summer Eletrohits” no Farol Bar, em Blumenau. Para o DJ Paulo Mendes, que inclui os sucessos da coletânea em seus sets, o álbum desperta diferentes emoções no público. “A galera mais velha, que nasceu nos anos 1990, gosta das músicas pelo sentimento de nostalgia. A galerinha mais jovem, nascida após os lançamentos dos álbuns, curte pela diversão”, observa o DJ.

Um exemplo dessa “galera mais velha”, citada por Mendes, é a jornalista e digital influencer Alice Kienen Gramkow. Nascida nos anos 90, conta que sua primeira experiência com Summer Eletrohits foi em um verão enquanto brincava na piscina na casa de uma amiga. “Lembro que nas aulas de educação física ou em momentos de descontração na escola, a gente sempre ouvia músicas dos álbuns. Até hoje fazem parte das minhas playlists de exercícios, apesar de eu ouvir outros estilos musicais”, destaca.
Outro ponto importante mencionado por Alice é a relação da música com a saúde mental. Durante a pandemia, a música teve um papel importante em seu dia a dia de isolamento. “Minha música favorita é ‘La Murtujú’, do DJ Gigi D’Agostino. Ouvia sempre que precisava me animar e funcionava muito”, diz. Alice conheceu esse DJ por intermédio da coletânea. O sentimento de nostalgia feliz está presente para aqueles que cresceram ao som dos álbuns. “Tenho memórias também com meus amigos, festinhas de aniversário, quando éramos crianças e brincávamos de fazer coreografias para as músicas”, conclui a influenciadora.

A coletânea não só está presente nas playlists dos brasileiros, mas também no imaginário popular, como é o caso da música “Can’t Get Over”. O hit, do músico brasileiro Kasino, fez sucesso na música internacional. Em 2006, durante sua participação no programa “Sabadaço”, apresentado por Gilberto Barros, na Band, ocorreu uma das cenas mais icônicas que entrariam para o rol dos memes brasileiros. Barros fez a seguintes falas “Aeee Kasinão / Can’t get over / O som da noite / As baladas”, enquanto Kasino se apresentava. Em 2021, a cena foi dramatizada em um trailer pelo produtor audiovisual Maikon Zambido, disponível no YouTube e que conta com mais de um milhão de vizualizações. É possível até mesmo vestir esse momento, pois a marca “O Brasil que deu certo” fez camisetas com as falas de Barros.
Alguns arriscam dizer que os primeiros álbuns de Summer Eletrohits já são um flashback para a geração que cresceu ouvindo Kasino, Axel F e Bob Sinclar. As mudanças no consumo de música trazidas pela disponibilidade da internet e pelos aparelhos eletrônicos nos levam a refletir: “Como era bom chegar da escola e ligar o aparelho de som!” Já para o Crazy Frog: “Wha-, wha-, wha-, wha-, what’s going on-, on? Ding, ding”, finaliza.
Vídeo viraliza e levanta debate sobre literatura
Por Bruno Comin Diniz Lacerda
No último mês, a norte-americana Courtney Henning Novak, de 45 anos, viralizou no TikTok rasgando elogios ao clássico Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. O acontecimento surpreendeu internautas e alavancou as vendas do livro na Amazon americana. Entretanto, o conteúdo literário viralizar nessa rede social não é uma novidade. A comunidade de leitura do TikTok, reconhecida na hashtag #BookTok, é um fenômeno e tem cerca de 215 bilhões de visualizações. Já a hashtag #BookTokBrasil possui 20,4 bilhões de visualizações.
Marina Siebert, que tem 16 anos e é estudante do ensino médio, diz já ter sido influenciada a ler por conteúdos do TikTok. Ela inclusive cita exemplo de livros que conheceu pela rede social como “Maze Runner” e “Estilhaça-me”. Ela também afirma que os gêneros de leitura e até os autores que ela lê passam por influência deste meio. Esse é apenas um caso de vários entre jovens conhecendo o hábito da literatura pelas redes sociais.
Contudo, o aumento do tempo de uso das redes sociais entre os mais jovens tem gerado problemas na sala de aula. A professora de literatura Vilma Dallagnelo, que leciona aulas de português há três décadas, cita mudanças negativas quando o assunto é leitura. Entre os diversos motivos, ela acredita que o vício digital é um dos principais. “O vício em jogos/telas afasta a possibilidade de o aluno olhar para o livro com alguma satisfação. O prazer instantâneo dos jogos e a leitura líquida promovem apenas passatempos, distração e talvez, alguma informação”, disse a professora sobre o assunto.

Quanto ao vídeo, a professora acredita que é uma situação mais incomum. “Creio que o índice de vendas no Amazon seja verídico, pois o vídeo viralizou. De certa forma, é uma situação inusitada. Alguém de fora elogiar uma obra brasileira que é desprezada pelos brasileiros. Mas penso que seja uma situação pontual. Muitos compraram por curiosidade ou pelo status de comprar clássicos e colocá-los como objeto de decoração, mas poucos terão apreço pela leitura em si”, avalia.
Quanto ao redescobrimento da literatura clássica, Vilma foi pontual: “penso que os clássicos nos apresentam narrativas atemporais, mas a atração por leitura é mais substancial com obras modernas. Talvez haja uma associação errônea do clássico com o antiquado”.
Fato é que o TikTok vem criando uma comunidade literária muito forte. Inclusive, na última Bienal do Livro de São Paulo, a rede social foi uma patrocinadora oficial do evento e contou com um estande. Viralizar no ‘BookTok’ pode ser a diferença entre ser um ‘best-seller’ e um fracasso de vendas. O público jovem que consome os vídeos busca o próximo livro para comprar, e a indicação de leitura que os ‘booktokers’ realizam é influência gigantesca nessa escolha. Entre os maiores influenciadores do Brasil na área podemos citar Thiago Valente (@othiagovalente), Patrick Torres (@patzzic) e Izabela Lopes (@bellsopes). Os três somados contam com mais de um milhão de seguidores e 31 milhões de curtidas apenas no TikTok, mostrando o engajamento de sua comunidade.
Consumo consciente: do engajamento nas redes sociais aos seus desafios econômicos
Por Arthur Nossol
Em maio de 2024, várias pessoas usaram hashtags sobre desafios de consumo consciente no TikTok, com mais de 1 bilhão de visualizações nesses vídeos. Os desafios incentivavam os usuários a compartilharem dicas e práticas para um consumo mais consciente e sustentável. A iniciativa teve um impacto positivo, conscientizando milhões de pessoas sobre a importância de repensar seus hábitos de consumo e do poder que cada um tem de fazer a diferença.
Uma pesquisa da Nielsen mostra o tamanho do impacto que as redes sociais têm nos hábitos das pessoas. A pesquisa aponta que 70% dos brasileiros afirmam que as redes sociais influenciam suas decisões de compra, destacando a importância de práticas éticas e sustentáveis. “As redes sociais são ferramentas poderosas para a disseminação de informações e pode e devem ser usadas para temas socialmente importantes.” É o que pensa Márcio Paasch, professor da disciplina Consumo em Publicidade e Propaganda, do departamento de Comunicação da FURB. “As mídias sociais têm um poder maior do que as mídias tradicionais para mudar o pensamento das pessoas sobre essa forma de consumo, pois as pessoas podem interagir mais e de maneira mais imediata do que no rádio e na televisão”, diz Paasch. O professor finaliza dando uma ideia de como essas campanhas podem ser ainda mais virais: “a parceria com influenciadores pode impulsionar ainda mais essa conscientização”.

Do outro lado estão as empresas, que podem aproveitar esse novo mercado para lucrar ainda mais ou ficarão para trás. Um exemplo é outra pesquisa da Nielsen, que afirma que 66% dos consumidores globais estão dispostos a pagar mais por produtos de empresas comprometidas com impactos sociais e ambientais positivos. Isso mostra que se as empresas fizerem um bom trabalho na divulgação de suas mudanças na produção para algo mais sustentável as pessoas tendem a buscar os produtos dessa marca mesmo que o valor seja mais alto do que o mesmo produto de outra empresa.
Essa diferença de valores do mesmo produto, mas de uma empresa sustentável e outra não, está relacionada ao aumento de gastos na produção sustentável. “Hoje, além de competir entre o melhor e pior produto, as empresas estão tendo um novo desafio, a sustentabilidade na produção. Aquela que se adaptar mais rápido a esse novo cenário dará um salto na frente das demais”, diz Tiago Costa, gerente de vendas da SCM Group Tecmatic.
Em um mundo digital e globalizado como o de hoje, cada vez mais a sustentabilidade e o consumo consciente devem ser discutidos e colocados em prática. Para isso muitas pessoas, além de fazerem sua parte, estão usando as redes sociais, cada vez mais fortes na mudança de pensamento das pessoas, para mobilizarem ainda mais o público a adotarem essas práticas e pressionar as empresas a fazerem o mesmo, boicotando quem não tem essa atitude. Com isso, cada vez mais as empresas entendem que os próximos avanços devem ser na área da sustentabilidade e no compromisso social e ambiental.
A Música dos Anos 80 e 90 e o impacto na vida das pessoas: Uma Perspectiva Emocional e Técnica
Caroline Telles Vieira
Enquanto você caminha pela agitação da rua em direção a sua casa, uma melodia familiar ecoa no ar, emanando de um Opala bordô que para na sinaleira. Instantaneamente, você é transportado de volta aos vibrantes anos 80 e 90, imerso em lembranças de uma época marcante. As batidas animadas, os refrões cativantes e os acordes nostálgicos reacendem memórias de festas, tardes preguiçosas com amigos e amores juvenis.
Essa conexão emocional com as músicas dessas décadas vai além do simples entretenimento: é uma viagem no tempo que nos reconecta a momentos inesquecíveis, relembrando histórias e experiências que moldaram quem somos hoje. Para o jornalista Simon Reynolds, vivemos numa era de “retromania”, onde a nostalgia pela música do passado reflete nosso desejo por familiaridade e conforto culturalmente compartilhados.

As fãs das músicas antigas, Sueli e Lilian, compartilham essa conexão profunda com a música dos anos 80 e 90, cada uma marcada por experiências únicas que revelam o poder emocional e social da música: Ambas se encantaram com essa era musical desde jovens. Sueli Duda Pedroso, por ter crescido imersa nas melodias que definiram a época em que nasceu, encontrou inspiração em “Don’t Stop Believing'” do Journey, uma canção que a fortaleceu nos momentos difíceis, reafirmando sua fé nos próprios sonhos. Para Lilian Marques David, a paixão pela música começou com “Enjoy the Silence” do Depeche Mode, marcando um ponto crucial em sua juventude. Essa música não apenas a transporta de volta para sua primeira matinê em 1993, mas também evoca memórias vivas de amizade e liberdade, quando as tardes de sábado eram dedicadas a escutar música na garagem dos vizinhos. Durante os anos 80 e 90, as inovações como os sintetizadores de teclado e os sequenciadores revolucionaram a produção musical, introduzindo uma sonoridade eletrônica distintiva. O Everton, professor de publicidade e propaganda da Furb e ex músico, junto de David Junior, professor de canto, destacam que esses avanços tecnológicos permitiram a criação de novos timbres e ritmos, que caracterizaram hits da época como “Take On Me” e “A Little Respect”. Essas mudanças não apenas definiram o som da década, mas também foram fundamentais para o surgimento de gêneros como EuroMusic e Dancemusic, onde a música eletrônica ganhou destaque. Enquanto os instrumentos acústicos tradicionais foram em parte substituídos por sequenciadores e sintetizadores, a voz humana continuou a desempenhar um papel crucial, combinando-se harmoniosamente com os novos aparelhos eletrônicos.
As músicas destas décadas mantêm seu sucesso duradouro e são celebradas até hoje, refletindo-se nos movimentos de flashback que perduram. Este fenômeno pode ser atribuído a diversos fatores que transcendem o tempo e ressoam com diferentes gerações. Os compositores da época frequentemente as concebiam com sinceridade, capturando experiências universais como amor, perda e celebração, o que permite que elas se conectem profundamente com os ouvintes, independentemente da época.
A música das décadas de 80 e 90 não são apenas um marco cultural, mas um portal emocional que transcende gerações. Desde os vibrantes sintetizadores que revolucionaram a produção musical até as letras que capturaram experiências universais como amor e celebração, essas músicas se tornaram verdadeiros tesouros emocionais. A persistente popularidade e influência dessas músicas refletem não apenas a nostalgia por um som distintivo, mas também a capacidade singular da música de tocar profundamente o coração humano, independentemente da era em que vivemos.
BARBIE 2023: COMO OCORRE A PERFEIÇÃO E A REALIDADE NO CINEMA CONTEMPORÂNEO
Por Eduarda do Amaral
Após o retorno de Ken do mundo real para Barbielândia, ele decide instaurar um sistema patriarcal no mundo das bonecas. No entanto, suas medidas resultam em caos e desordem e para devolver a harmonia ao local, as mulheres da Barbielândia decidem utilizar a sedução como uma estratégia. Usando sua inteligência, charme e habilidades, elas conseguem influenciar Ken e outros personagens masculinos a reconsiderarem suas decisões.
Essa é uma das cenas do filme “Barbie”, lançado em 2023, e que foram criticadas pela opinião do público. Na internet, frases como “feminista demais” ou “anti-homem” foram argumentos levantados para as possíveis críticas a obra. A pesquisadora Marta Brod comenta que, como sociedade, chegamos à sala de cinema com muita informação, o que tínhamos pouco nos anos 2000, hoje temos muito exagerado. “As pessoas saem da sala de cinema decepcionadas a partir das coisas que elas acreditam e constroem, antes mesmo de ver o filme”, avalia a professora.
A obra abre espaço para diversas interpretações. Uma delas é sobre essa vida de plástico que a Barbie tem. O psicanalista André Alvez, em um vídeo para o TikTok, faz essa análise de por que o público não gostou dessa ideia nos cinemas. “A Barbie tem uma vida perfeita, quando ela entra em contato com a sua negatividade e ela se questiona sobre essa vida, tudo começa a desmoronar e ela vive uma crise existencial. Capacidade negativa é a gente conseguir conter a ansiedade diante do desconhecido, ao invés de sermos movidos por ela”, diz o pesquisador.

Ele ainda afirma que a graça da vida está exatamente na complexidade, e que as experiências são boas e ruins ao mesmo tempo e trazem conflitos. É exatamente no conflito que as pessoas se desenvolvem. A psicóloga Jaqueline Vincula aponta como a positividade tóxica se constrói em nossas vidas desde a infância, quanto somos incentivados a não demonstrar fraquezas. A vida real, porém, é feita de altos e baixos, exigindo que acolhamos nossos momentos difíceis para transformá-los em aprendizado.
Essa dinâmica não se limita apenas ao cinema, mas também acontece nas redes sociais, como observa Clarissa Josgrilberg Pereira, professora de Jornalismo Digital no curso de
Jornalismo da FURB. Ela cita que as redes sociais são o nosso espelho montado, conseguimos estruturar exatamente o que queremos mostrar, e nem sempre algo que vemos nas redes é real. “É essa pressão social que nós temos de vender uma vida plena, irreal, feliz, que é otimizada na internet”, diz a pesquisadora. Ela também fala sobre o impacto que o irreal das redes gera, quando consumimos muito conteúdo dessa “vida perfeita”, tendemos a se comparar criando assim, crises pessoais.
A professora Clarissa também discute o impacto das redes na formação de opinião do público, apontando que os algoritmos reforçam nossas bolhas de interesse, limitando o contato com a opinião contrária. A internet, então, não apenas reflete, mas amplifica essas visões. Esses algoritmos destacam como as redes sociais espelham e moldam as percepções, não só no cinema, também na vida cotidiana.
Porém, além desses fatores que levaram às críticas ao filme, Barbie se tornou o maior sucesso de bilheteria dirigido por mulheres. A estimativa é de US$ 1 bilhão em bilheteria global, segundo o G1., transformando o filme em um marco na história do cinema. A professora Marta Brod afirma que sempre tivemos mulheres no cinema, mas os créditos sempre ficaram para os homens. “Existe esse apagamento, e é muito importante que essas mulheres estejam à frente e representem o audiovisual”, diz a pesquisadora. “Nós temos uma visão muito eurocentrada do cinema, e quando vemos mulheres como a Greta, com esse privilégio de acessar esse lugar, é muito importante”, complementou ela.
Escolas adotam bandas e fanfarras para enriquecer atividades extracurriculares
Por Fernanda Koslowski
A música é a arte de coordenar e transmitir efeitos sonoros e harmoniosos. Está presente na vida das pessoas desde o começo e pode ser associada à música como algo que desenvolve a mente humana, promove o equilíbrio, proporcionando um estado agradável de satisfação. Desse modo, a musicalização nas escolas é um projeto desenvolvido para fazer com que os estudantes tenham esse contato com instrumentos, de modo que eles venham a se desenvolverem e aprenderem de forma cultural. Um exemplo disso aconteceu no dia 15 de junho, quando a escola de Educação Básica Municipal Visconde de Taunay promoveu um festival de bandas e fanfarras. O objetivo foi apresentar as diversas bandas e fanfarras das instituições de ensino de Blumenau.
O festival contou com a presença de 12 grupos, entre eles, 11 bandas que participam do programa de bandas e fanfarras escolares Bia Passold. O encontro reuniu aproximadamente 600 pessoas. As bandas e fanfarras escolares são presentes nas instituições de ensino em Blumenau, por isso a cidade conta com o Programa de Musicalização Instrumental de Bandas e Fanfarras, criado em 1993, na Secretaria Municipal de Educação de Blumenau. O programa foi criado como um projeto extracurricular, que proporciona a crianças e adolescentes das escolas de Blumenau, o convívio com a música instrumental e suas variantes.
“A minha experiência foi construtiva e acredito que tenha me beneficiado muito, não só como atividade de lazer, mas para desenvolver habilidades de concentração e o próprio aprendizado de ritmos e leitura de partituras”, destaca a ex-aluna da escola E.B.M Bilingue Professor João Joaquim Fronza, Bethânia Dickmann, que participava da banda escolar, durante seu período como estudante.

Atualmente, o programa de Musicalização está presente em todas as regiões de Blumenau e contempla mais de 6 mil estudantes e 78 redes de educação, sendo 38 Centros de Educação Infantil (CEIs) com a Musicalização Infantil e 40 escolas com a Musicalização Instrumental.
Além de promover aos estudantes o contato direto com a Musicalização, o programa também proporciona a integração social do estudante, proporcionando-lhe a recreação sadia, trabalho em grupo e experiências de vida. O projeto oferece também aos alunos uma opção de atividade cultural ancorado no lema: “CURTO BANDAS não curto Drogas”. Diversas bandas de variadas escolas da região já participaram de eventos importantes do município, como a Oktoberfest, aniversário da cidade, desfiles e entre outros. Também em agosto de 2023, os estudantes que participam das aulas de musicalização, participaram do circuito de bandas e fanfarras nos terminais de ônibus de Blumenau, em comemoração aos 30 anos do Programa de Musicalização Instrumental Bandas e Fanfarras. “Acredito que a música é algo que consegue não só unir os estudantes, mas também fazer com que eles tenham experiências marcantes
durante sua vida escolar”, destaca a Coordenadora Pedagógica da escola João Joaquim Fronza, Elizabeth Aparecida da Silva.
Brasil entra em segundo lugar no Ranking Global de Consumo de Streaming
Por Gabriella Caroline Maçaneiro
Segundo relatório de pesquisas de 2024 do Streaming Global do Finder, o Brasil entrou para o segundo lugar no ranking de países que mais assistem streamings no mundo, perdendo apenas para a Nova Zelândia. Streaming é um termo derivado do inglês para a tecnologia instantânea que possibilita assistir a séries e filmes sem precisar fazer download. Atualmente, as plataformas mais conhecidas e assistidas são a Netflix, Amazon Prime Video, HBO e Star Plus. Na década de 90, as opções eram em formato de DVD, quando as pessoas saíam de casa para escolher seus próprios filmes em locadoras com variedades limitadas. Entretanto, era possível conhecer pessoas no local e descobrir os novos lançamentos do cinema.
Com o aumento do mercado dos streamings durante a pandemia de COVID-19, os cinemas precisaram encontrar novos estímulos para atrair o público novamente para as salas. Por conta disso, o Cine Passeio, localizado em Curitiba, aprimorou em sua plataforma o cinema a céu aberto. Esse novo método consiste em ver os filmes no terraço do prédio do cinema, onde são disponibilizadas várias cadeiras acolchoadas e um projetor que reproduz os filmes que seriam passados normalmente nas salas tradicionais.
Apesar dessa nova área do cinema ter sido bem recepcionada pelo público, a gestora Julia Pedrozo pontua que foram cinco anos de pesquisa e desenvolvimento para arquitetar o cinema de rua. “Ao longo desses cinco anos, observamos que havia uma demanda represada de pessoas que queriam cinema de rua e a volta dessa cultura. As pessoas acabaram deixando de aproveitar essa experiência e existe público para as duas demandas. As pessoas que vêm ao cinema falam sobre ele, estão com outras pessoas e se encontram com amigos. O Cine Passeio passou a ser uma referência e um espaço de convivência para os cinéfilos de Curitiba”, explica.

A ideia da abertura do espaço partiu de uma colaboração entre a Prefeitura Municipal de Curitiba, a Fundação Cultural de Curitiba e o Instituto Curitiba de Arte e Cultura, com o intuito de promover o acesso à cultura. Por conta disso, o cinema conta também com uma sala dedicada a aulas sobre cinematografia com professores graduados no assunto.
O Cine Passeio também conta com a primeira sala de streaming do Brasil, onde os cinéfilos podem acessar suas próprias assinaturas das plataformas e assistir filmes ou séries em 4k na estrutura disponibilizada.

“Os projetores e salas tem sonorização e projeção dignas dos cinemas mais modernos da cidade. O destaque fica para a sala Passeio On Demand, que você pode alugar para assistir Netflix com seus amigos em uma experiência diversificada, ou mesmo jogar videogame”, comentou Vitória Knihs, frequentadora do Cine Passeio.
Desde sua estreia, o cinema já vendeu mais de 200 milhões de ingressos e exibiu cerca de 840 títulos de filmes. Ao longo do mês de janeiro, o cinema recebeu 11 mil telespectadores.
Escolas enfrentam crescente tecnodependência entre alunos
Por Heloisa Loos Pasta
“No momento, vejo a tecnologia degradando o conhecimento”. Essa crítica foi exposta pela blumenauense Selma Benitez, coordenadora com mais de 20 anos de experiência na área pedagógica. Benitez compartilhou suas preocupações após anos na educação, notando uma diferença gritante entre gerações.
Para Selma, a geração atual é imediatista e com pouca perspectiva, concentrando-se mais em redes sociais do que no aprendizado formal. Ela lamenta a falta de interesse pedagógico e habilidades básicas, como escrever sem depender de autocorreções digitais. Ela também destacou que a tecnologia é maravilhosa, mas os estudantes e professores precisam de orientação com urgência.
A tecnodependência não se limita ao uso pessoal. É um fenômeno que impacta profundamente o ambiente educacional. Cloves Alexandre Castro, docente do Instituto Federal de Blumenau, enfatiza como a tecnologia distrai os estudantes, desviando sua atenção dos conteúdos curriculares essenciais. Ele observa uma crescente dependência desde a infância, quando o entretenimento digital substitui interações sociais e atividades acadêmicas tradicionais. A substituição das pesquisas em livros por buscas rápidas na internet é um destaque evidente: embora a tecnologia facilite o acesso a conteúdos diversos, ela também leva os estudantes a preferirem soluções rápidas em vez de uma pesquisa mais aprofundada e reflexiva.

A sigla “Folo” – fear of logging off –, significa medo de ficar desconectado. Este fenômeno reflete uma realidade atual em que estar conectado 24 horas por dia se tornou uma necessidade, gerando ansiedade e desconforto quando não estamos online. A dependência tecnológica, amplificada pela pandemia, mostra como a vida em conexão absoluta afeta a sociedade.
De acordo com uma pesquisa do Instituto de Psicologia da USP, 28% dos adolescentes sofrem do Transtorno de Jogo pela Internet (TJI), classificado pela OMS como uma doença. A pesquisa da Consultoria em Marketing Digital Conversion revela que brasileiros passam em média mais de quatro horas diárias nas redes sociais, evidenciando uma compulsão preocupante.
Em dezembro de 2023, um grupo de cientistas alemães desenvolveu uma petição contra a digitalização nas escolas, alegando que a tecnologia tem uma influência negativa no desenvolvimento escolar. Ralf Lankau, professor de Teoria da Comunicação da Escola Superior de Offenbach, afirma que tablets e notebooks não tornam as crianças mais espertas e sim mais limitadas intelectualmente.
A Suécia, pioneira na educação digital nas décadas de 1990, revisou sua abordagem ao perceber os impactos negativos, optando por reintroduzir livros didáticos impressos. Essa mudança evidencia a necessidade de equilibrar o uso da tecnologia com métodos de aprendizado tradicionais.
Especialistas alertam que é crucial desenvolver habilidades de desconexão digital para promover um equilíbrio saudável entre o uso da tecnologia e outras atividades sociais e acadêmicas. Desde julho de 2023, o relatório global da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) tem sido citado quando o assunto é o lado positivo e negativo da tecnologia nas escolas. A coordenadora de Educação da Unesco no Brasil, Roberta Otero, destaca que quando a tecnologia é utilizada em excesso e para fins não pedagógicos, pode realmente atrapalhar os estudantes no aprendizado. Segundo ela, é essencial que a tecnologia seja apropriada pelo setor educacional no sentido pedagógico para se beneficiar desse atual recurso, para então promover uma contribuição positiva para os estudantes.
Notas que curam
A importância da música para curar a saúde mental da sociedade pós-pandêmica
Por Joana Micaela Zeleski
Dados da OMS de 2022 revelam que a saúde mental em relação à ansiedade e à depressão piorou 25% ao redor do mundo após a pandemia da COVID-19. Esse fator gerou aumento na procura por atendimentos e processos psicológicos, como a musicoterapia, ou o uso da música para melhora da saúde física e mental da população, prática regulamentada no Brasil desde 11 de abril de 2024.
Desde 2011 vem sendo estudado pela Universidade de Lyon, na França, que a música libera dopamina, conhecida como “hormônio do amor”, e que isso influência no bem- estar das pessoas, além de uma procura por realizar metas. Um relatório do ano de 2020 do Conselho Geral de Saúde Cerebral (GCBH) apontou que a música realmente possui esse efeito de bem-estar, além de estimular habilidades motoras, de raciocínio e questões emocionais no cérebro. Isso significa que qualquer tipo de música pode ajudar na saúde mental? Segundo um estudo do Dr. David Lewis-Hodgson para o grupo britânico Mindlab International, a música ajuda na depressão e reduz a ansiedade em até 65%, porém depende do estilo que você escuta. Por exemplo, se você escuta uma música clássica, é mais provável que seu nível de ansiedade irá abaixar, assim como escutar uma música animada e positiva ao ter sintomas depressivos.

O professor de música da Universidade Regional de Blumenau (FURB), Renan de Vita Alves de Brito, diz que a música se relaciona com a saúde mental ao citar processos como Biodanza, Ayauhasca e a própria Musicoterapia, uma prática clínica centrada no uso da música para estimular processos químicos no corpo e na mente.
A musicoterapeuta Cláudia Schaun Reis, pós-graduada em Musicoterapia pela Faculdade de Candeias, acredita na relação entre essa prática com diversas áreas da saúde física e mental. Ela cita exemplos como: auxiliar no desenvolvimento motor de pessoas com autismo, síndromes e deficiências, estimular o desenvolvimento de habilidades de pessoas com doenças neurodegenerativas, incentivar diagnosticados com dependência crônica ao tratamento de reabilitação e promover o alívio do estresse e da ansiedade em adolescentes, adultos e idosos. Além disso, Cláudia Reis afirma que “estar na música nos aproxima e nos proporciona sentir que estamos em situação de igualdade com quem se coloca na música conosco”.
Essa proximidade é importante após um contexto de isolamento social e perda de rede de apoio, os principais fatores para o desgaste mental nessa nova era. A música é uma arte ainda estudada por cientistas, principalmente por não existir uma teoria concreta de por que as notas, a harmonia e as palavras produzem tal efeito na saúde mental e física. Em um período pós-pandêmico, quando as pessoas estavam sempre concentradas na medicina por várias razões, é bom lembrar da frase do Dr. Debasish Mridha: “A música pode curar as feridas que a medicina não pode tocar.”
Relançamentos de filmes clássicos são vantajosos para as empresas e valem o seu ingresso?
Por João Pedro Mussoi Brandão
No dia 4 de junho, foi relançado nos cinemas brasileiros o terceiro filme da Saga Harry Potter, “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban”, em comemoração de seus 20 anos desde seu lançamento original em 2004. Além dessa obra, entre abril e junho, foram relançados nos EUA os oito filmes oficiais do Homem-Aranha, sendo a trilogia de Sam Raimi, os dois filmes da linha “O Espetacular Homem-Aranha” e a trilogia do MCU, estrelada por Tom Holland. Tudo isso para comemorar os 100 anos da produtora Columbia Pictures. Entretanto, os filmes não foram relançados no Brasil. Mas afinal, relançar um filme antigo que está disponível em plataformas de streaming, como Netflix, Prime Video, Max e Disney Plus, por exemplo, é realmente vantajoso como uma estratégia de marketing?
Para o professor do departamento de Comunicação da FURB, Rafael Bona, esses relançamentos têm relação com a transmídia, pois ao longo dos anos, várias obras foram se dispersando em outras plataformas, como livros, videogames, séries de televisão, para atrair um público novo e trazer de volta os antigos fãs dessas obras. Um exemplo que ele cita é o filme Jurassic World, de 2015, o qual trouxe os fãs antigos para o cinema e apresentou a franquia a um público mais jovem que não conhecia nada sobre Jurassic Park, fazendo esse público ir atrás dos filmes antigos.
Todo esse planejamento, lembra o professor Bona, tem um investimento em marketing muito forte, pois com uma divulgação bem construída, as novas produções desses clássicos vão gerando uma expectativa muito grande até o seu lançamento oficial. E esses relançamentos de filmes antigos como Harry Potter servem para isso, apresentar a franquia a um público diferente de quando foi originalmente lançado e gerar lucros para a produtora e distribuidora.

Mas as pessoas realmente estão dispostas a saírem de suas moradias para irem ao cinema assistir a um filme que podem ver no conforto de casa?
Na opinião de Rafael Bona, não. Uma entrada de cinema para um adulto é muito cara e desvantajosa, pois esses filmes geralmente estão disponíveis para serviços de streaming, em que se paga entre 20 e 60 reais para assistir a uma infinidade de conteúdos quando e quantas vezes quiser, até mesmo podendo assistir as sequências desses filmes relançados em cartaz.
Para quem é fã, o que faz ele comprar um ingresso para poder reassistir um relançamento no cinema?

Para João Alberto, médico hospitalar e fã de filmes clássicos, a experiência de assistir a um filme no cinema com uma tela maior e som acústico é muito superior e mais gratificante do que assistir em sua televisão em casa. De acordo com Alberto, o valor da experiência é superior ao preço pago.
Embora os custos de assistir a um filme no cinema sejam mais elevados do que assistir a esse mesmo filme em casa, há uma grande experiência por trás que faz muitas pessoas ainda quererem aproveitá-la. Isso varia de pessoa para pessoa, mas todos acabam felizes igual ao assistirem a um filme que elas gostam, seja no cinema ou seja em casa.
Música gaúcha rompe fronteiras e conquista novos públicos
Por Laura Severo da Silveira
O tradicionalismo gaúcho não permanece apenas no Rio Grande do Sul. Em Santa Catarina, milhares de pessoas, entre migrantes e nativos, cultuam a tradição do povo gaúcho honrando a história, os hábitos e principalmente, a música. Os bailes são uma grande atração no estado e grandes músicos como Os Monarcas utilizam 60% de sua agenda voltada apenas para cidades catarinenses.
Luís de Bragas, fundador e um dos locutores do programa de rádio Linha Campeira, que vai ao ar pela FURB-FM e aborda o nativismo gaúcho na música, diz que o baile e as músicas de baile sempre foram o foco em Santa Catarina. Mas a música gaúcha ainda se expande na valsa, chamarra, dentre tantos outros ritmos conhecidos como nativistas. Nessa necessidade de gerar mais apreciação à música gaúcha, além dos bailes, surge o programa através da FURB-FM. Como o próprio Bragas descreve, “música que tenha uma letra que nos remete à história do campo, aos costumes do povo, ao folclore e à tradição”.
Hoje, o programa Linha Campeira conta com mais de 50 mil ouvintes mensais e está disponível em diversas plataformas de streaming, atingindo pessoas ao redor do mundo que se identificam e criam um amor a uma cultura que não nasceram pertencentes. O grupo é composto por dois gaúchos e dois catarinenses que compartilham histórias, curiosidades e muito amor pela música.

Além de Bragas, Everton Darolt, também locutor do programa Linha Campeira, comentou sobre essa conexão com os catarinenses. Everton, nascido no estado de Santa Catarina, foi um dos participantes que trouxe ao programa temas culturais para serem abordados. Afinidade que começou nos bailes e se desenvolveu na curiosidade ao se apaixonar pela cultura gaúcha.
Atualmente, Santa Catarina é um dos maiores estados ouvintes de música gaúcha e ainda promove eventos que remetem à cultura gaúcha. Além da Sapecada da Serra Catarinense, realizada no dia 26 de maio de 2024 em Lages, a agenda segue com a Festa Campeira em 5 de julho em Tangará e a Festa Regional da Cultura Gaúcha que irá ocorrer em
20 de julho em São Lourenço do Oeste. Acontecem também incontáveis rodeios ao redor do estado durante o ano todo. Em Blumenau, o Encontro da Gauchada ocorre ao menos uma vez ao mês no CTG Rancho da Tradição, que reúne diversos apaixonados pelas músicas nativistas da cidade.
Por trás do funk e do hip-hop: do preconceito à tentativa de ascensão do jovem periférico
Por Lidia Diniz Fleming
“Sempre fui sonhador, é isso que me mantém vivo. Quando pivete, meu sonho era ser jogador de futebol, mas o sistema limita nossa vida de tal forma que tive que fazer minha escolha: sonhar ou sobreviver. Os anos se passaram e eu fui me esquivando do ciclo vicioso, porém, o capitalismo me obrigou a ser bem sucedido. Acredito que o sonho de todo pobre é ser rico. Em busca do meu sonho de consumo, procurei dar uma solução rápida e fácil pros meus problemas: o crime”.
Assim é o início de A vida é um desafio, do grupo de rap Racionais MCs. Em 2024, a canção alcançou quase 44 milhões de visualizações no Youtube e confirmou um dos maiores sucessos do rap brasileiro. Basta esse trecho para compreender a realidade de como os jovens de periferia convivem entre duas realidades distintas: a desigualdade social e a pobreza discrepante, e por outro lado, a ascensão oferecida pelo crime.
Estilos musicais como o próprio rap, o funk e o samba, advindos de cultura negra, são frequentemente banalizados, criminalizados e discriminados por suas origens. Em 2017, o Senado rejeitou um projeto de lei que tinha como objetivo a criminalização do funk, mas ainda assim, teve um total de 21.985 assinaturas de apoio. A música periférica se trata de uma forma de expressão cultural e social, em que traz a representatividade de uma realidade e sentimentos de pessoas moradoras dessas regiões. É uma forma de demonstrar resistência e combater as desigualdades sociais tanto enfrentadas, além de ter um papel importante na transmissão dos valores, tradições e histórias que fortalecem a cultura da periferia.

“Trabalhei em uma comunidade que era regida pelos comandantes do tráfico de drogas, lá os funks ostentação expressavam os sonhos daqueles meninos e meninas da periferia que só almejavam por uma vida melhor, assim como os funks chamados ‘proibidão’, em que as letras expõem a realidade do tráfico e almejo de estar em uma posição de visibilidade.” diz Elaine Cristina, assistente social.
Atualmente, é possível perceber uma crescente popularização das batalhas de rimas, que atraem principalmente os jovens de periferia, pois encontram na arte de rimar uma forma de se expressar. “O jovem vai para a rua procurando algo, e lá ele encontra o hip-hop, a batalha de rima, o funk, o graffiti. Muita gente acha que ele vai procurar o ‘rolêzinho’, a diversão, mas a verdade é que procuram algo que os acolham”, explica Ana Luiza Wagner, mestre de cerimônia de batalhas de rap em Blumenau e fundadora do Podcast de Hip-Hop “De Mente Aberta”.
O descaso governamental, a realidade da juventude que não consegue estudar por ser obrigada a trabalhar, a violência do Estado, a falta de condição de moradia e saneamento básico, além da realidade do racismo sofrido pelos jovens da periferia, são vivências diárias de um povo que não cansa de lutar para sobreviver, e a música veio para combater e resistir a toda essa negligência sofrida. “A batalha de rima, por exemplo, surgiu no objetivo de parar de morrer e começar a escrever. A batalha é uma escola, você aprende a se portar diante da sociedade, coisa que muita gente não recebe dentro de casa. Então, a cultura desses movimentos periféricos tem como princípio a educação comunitária e o combate às injustiças sociais que tanto sofrem”, desabafa Ramon Lima, integrante do grupo blumenauense de rap “Quarto Cômodo”.
Para transformar ainda mais esse estigma, é importante olhar ao redor e interpretar essa realidade que assombra tantas pessoas, e assim, começar a visualizar a música como uma oportunidade de impulsionar e dar voz a esses indivíduos que são diariamente calados por um sistema falho e preconceituoso. Conexão Lado Leste, Homicídio Verbal, Stellar MC e Paulo Drama são artistas blumenauenses que fazem esse papel de transformar a dor de uma realidade regional em funk, rap, trap e hip-hop. A música, independente do estilo, é arte, é história, é reinvindicação, é luta.
Influência e persuasão em formato digital
A influência das mídias sociais na leitura e por que nos sentimos mais influenciados por pessoas que não conhecemos
Por Luiza Moraes Gonçalves
As plataformas digitais têm promovido uma onda de influência significativa, especialmente na popularização de clássicos literários. Influenciadores como Courtney Novak, que se propôs a ler um livro de cada país do mundo e compartilha suas experiências no TikTok, têm impulsionado o interesse por clássicos brasileiros entre seus seguidores. Esse fenômeno ilustra como as recomendações de influenciadores geram comportamentos coletivos, em que seguidores adotam as mesmas escolhas e interesses culturais.
A eficácia das mídias sociais reside na autenticidade e no alcance global dos influenciadores, que adaptam suas mensagens ao contexto visual e cultural das plataformas, tornando o conteúdo mais acessível e envolvente. Assim, as mídias sociais não só transformam hábitos de consumo cultural e democratizam o acesso à literatura, mas também exemplificam o efeito de manada, em que as decisões e comportamentos individuais são fortemente influenciados pela massa.
Courtney Novak, uma americana, viralizou no TikTok ao compartilhar sua experiência de leitura do livro “Dom Casmurro” de Machado de Assis. Em seu desafio pessoal de ler um livro de cada país, ela destacou a complexidade e profundidade da obra, atraindo a atenção de muitos usuários para a literatura brasileira. O vídeo de Novak despertou um interesse renovado pelo clássico, mostrando como influenciadores podem popularizar obras literárias através das redes sociais digitais. A iniciativa contribuiu para a discussão sobre a universalidade dos temas abordados por Machado de Assis.
As mídias sociais transformaram profundamente a forma como descobrimos e compartilhamos nossas leituras. Plataformas como Instagram, YouTube e TikTok tornaram-se vitrines poderosas para livros, permitindo que influenciadores exerçam um impacto significativo na popularidade de certos títulos. O fenômeno da influência digital, porém, levanta questões críticas sobre o papel desses influenciadores e a verdadeira qualidade das obras promovidas.
É inegável que essas plataformas têm um papel central na disseminação de informações e opiniões sobre livros. Influenciadores, muitas vezes seguidos por milhares ou até milhões de pessoas, podem catapultar um título para o estrelato em questão de dias. No entanto, essa popularidade nem sempre reflete a qualidade intrínseca da obra ou sua relevância cultural a longo prazo.
A crítica sutil aqui reside no domínio e prestígio atribuídos à popularidade imediata que alguns influenciadores exercem sobre determinados títulos. À medida em que uma obra

se torna viral, o debate sobre sua qualidade muitas vezes é eclipsado pela corrida por likes e compartilhamentos. Isso ressalta a necessidade de uma abordagem mais equilibrada e consciente tanto por parte dos influenciadores quanto do público.
Segundo o professor universitário e jornalista Arnaldo Zimmermann, a credibilidade percebida é mediada por fatores simbólicos e contextuais próprios das mídias sociais, diferindo da credibilidade constituída, que é intrínseca aos enunciadores. A imagem e o contexto de recepção nas mídias sociais, como Instagram, em que a imagem tem maior peso, impactam mais a percepção de credibilidade do que o texto. Adaptar-se a esses contextos sem perder a identidade é crucial, pois as mídias sociais armazenam informações que podem ser ressignificadas com o tempo.
É essencial reconhecer que a popularidade nas plataformas digitais não deve ser o único critério para avaliar o valor de um livro. As discussões sobre a importância contínua dos clássicos na sociedade contemporânea são fundamentais. De acordo com a professora de literatura Lourdes Valdrighi, os clássicos não apenas resistem ao teste do tempo, mas também oferecem insights profundos sobre a condição humana e permitem que gerações futuras apreciem e aprendam com eles.
Portanto, enquanto as mídias sociais podem ser poderosas aliadas na promoção da leitura, é essencial promover uma cultura que valorize tanto a novidade quanto a profundidade literária. Manter o acesso e a valorização dos clássicos é garantir que a literatura continue a ser uma fonte rica de aprendizado e reflexão para todos. No entanto, há também preocupações com a qualidade da informação e o impacto na profundidade da leitura, devido à natureza fragmentada e rápida das interações nas redes sociais. Logo, os desdobramentos da influência desses recursos na leitura incluem tanto oportunidades de democratização do conhecimento quanto desafios relacionados à concentração e à análise crítica dos textos acessados.
Do tiktok para as prateleiras
Com a influência da internetmovimenta a venda dos livros
Por Makely Montibeller Luciani
Em uma tradicional livraria da cidade de Blumenau, está acontecendo a Feira de Livros, em parceria com editores e escritores. A feira iniciou-se em 15 de maio e se estende até a última semana do mês de junho, ocorrendo uma vez ao ano. O espaço chama atenção das pessoas leitoras e não-leitoras que ao passar na livraria não deixam de folhear os diversos gêneros literários expostos, levando para casa e aumentando cada vez mais as vendas de livros e o gosto pela literatura.
Uma pesquisa realizada pela Nielsen Bookscan mostrou que em 2021 a venda de livros cresceu 39% em comparação a 2020. No primeiro semestre de 2024 o faturamento já alcançou 12,08%, movimentando 8,43 milhões de livros, segundo o Sindicato Nacional de Editores de Livros (SNEL).
Um exemplo disso é o livro de Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas, escrito em 1881, que se tornou um dos mais vendidos, no final do mês de maio. A venda do livro na versão traduzida aumentou após a influenciadora norte-americana, Courtney Henning Novak, publicar seu vídeo no Book Tok, na plataforma TikTok, divulgando sua experiência ao ler o clássico da literatura brasileira. A influenciadora compartilha análises de livros e seu projeto pessoal de ler um livro de cada país do mundo em ordem alfabética. Ao total a BookToker possui 32 mil seguidores em seu perfil na plataforma.

A nova hashtag #BookTok se tornou umas das mais acessadas no aplicativo reunindo pessoas interessadas em literatura, tornando-se um ambiente de incentivo à leitura. Esse fenômeno começou em 2020 durante a pandemia do covid-19. Hoje em dia, acumula-se mais de 33 milhões de publicações no Brasil e 215 milhões no mundo todo, tornando livros desconhecidos em best- sellers.
O livro É Assim que Acaba da escritora norte-americana Colleen Hoover, é um exemplo destes casos. O livro lançado em 2016 se tornou a segunda obra mais vendida de ficção adulta, em 2021. No Brasil ela vendeu mais de 4 milhões de cópias, graças ao BookTok.
Marihelen Formehl Fraron, jovem entusiasta da comunidade, respondeu que está há quatro anos acompanhando a hashtag e durante estes anos comprou vários livros, influenciando-a na leitura. “Já li diversos livros por causa dos vídeos que assisto no BookTok e isso me inspirou a começar a escrever minhas próprias resenhas de livros. Essa comunidade também me proporcionou conhecer muitas pessoas de vários lugares do Brasil que compartilham o mesmo gosto pela literatura”, comentou a jovem.
Uma enquete feita por formulário online teve o objetivo de analisar como a comunidade BookTok impacta nas decisões das pessoas. De 23 participantes, 60,9% responderam que utilizam as redes sociais para pesquisar sobre livros e 56,5% responderam que já compraram livros por recomendações do BookTok.
Devido ao aumento do consumo e vendas de livros, o fenômeno BookTok poderá ser considerado como uma onda de influências, dependendo do tempo que a hashtag fica em alta e assim, a fama dos livros. A jornalista Manoella Naumann explica que o BookTok, na verdade, é um ambiente onde as pessoas transitam entre ele. Ele atende um público muito específico, que são os leitores e pessoas interessadas pela leitura, mas acontecem momentos em que a bolha estoura e chega para mais pessoas, novos públicos, que daí acredito que é quando ele é tratado como uma febre. A jovem também diz que “as pessoas estão sempre em busca de experiências novas, então, todo livro é um potencial para ter um alto número de engajamento, mesmo que seja por pouco tempo”, comenta a jornalista.
Muito além de entretenimento
Música pode influenciar na personalidade, na saúde e até na escolha das amizades
Por Roselaine Bittencourt
A música pode influenciar na personalidade das pessoas, mas também pode ajudar no tratamento em demência e Alzheimer em idosos, podendo ser utilizada no tratamento de muitas outras doenças. “Utilizo da música enquanto recurso terapêutico em crianças com atrasos no desenvolvimento e/ou diagnosticadas com autismo”, disse a Psicóloga Clínica, Deise Delagnolo.
A música surgiu no continente Africano há 50.000 anos e de lá pra cá vem sendo feitas pesquisas e estudos para comprovar que a música influência não apenas na saúde e na personalidade das pessoas, mas também nas escolhas de amizades e relacionamentos. Beatriz Ilari fez uma pesquisa baseada nos estudos de Johnson, Trawalter e Dovidio, para saber se a música pode influenciar na escolha de amizades e parceiros amorosos.

O estudo analisado por Beatriz mostrou que a música influência nas relações interpessoais, ou seja, as pessoas escolhem seus parceiros de acordo com crenças e culturas e a música também pode influenciar em alguns casos. A primeira parte dos estudos consistiu em pedir para as pessoas escolherem seus (as) parceiros (as) apenas olhando o perfil que iam recebendo. As pessoas escolhiam de acordo com características iguais as suas, mas o gênero musical não foi o fator decisivo para a escolha de parceiros. Concluiu-se que a música não teve influência em muitos dos casos e é apenas mais uma variável dentre muitas que são consideras para a escolha de parceiros. Isso significa que algumas pessoas levam em consideração o gênero e gosto musical para escolha de parceiros e amigos, mas nem toda a população leva isso em consideração.
Além disso a música traz uma sensação de relaxamento, bem-estar e antiestresse. Sara Alice Tobias, estudante em licenciatura de música na Universidade Regional de Blumenau (FURB) e professora de música no Musicarium em Joinville, disse que se passar um dia sem tocar faz muita falta, pois se sente feliz tocando. “Preciso tocar pois é
o que eu amo fazer”, falou ela. “Quando toco sinto que posso expressar tudo o que sinto”, complementou Sara.
A musicoterapia, que é um tratamento que utiliza recursos sonoros e musicais dentro de um processo terapêutico, para redução de demências e Alzheimer em idosos se utiliza deste recurso. A neurociência também é um recurso utilizado para tratar essas doenças em idosos.
Pode-se afirmar que a música influencia na personalidade das pessoas e também na saúde, mas na escolha de parceiros amorosos e grupos de amigos vai depender de pessoa para pessoa, pois para uns é importante que seus grupos tenham os mesmos interesses, tanto culturais, religiosos e principalmente musicais.
Hormônios em escala
Estudos indicam que ouvir música melhora o desempenho do seu treino
Por Talita Hanãni Kehl
A música tem sido uma aliada na rotina de muitas pessoas, especialmente durante o treinamento físico. A música está presente nas academias, corridas ao ar livre e até em competições esportivas. Mas qual é a real influência da música no desempenho físico? Um estudo de 2010 liderado pelo psicólogo Karageorghis no Journal of Sports Exercise Psychology (Jornal de Esportes Exercícios e Psicologia) descobriu que a música motivacional ajudou os praticantes de exercícios a superarem a fadiga. Nessa pesquisa também foi concluído que os efeitos da música levam a níveis de resistência, potência, produtividade e força acima do esperado.
De acordo com o professor Emerson Brancher, doutor em Ciências da Saúde e apaixonado por música há quase 40 anos, a música pode afetar positivamente o desempenho físico de várias maneiras. Primeiramente, ele destaca a capacidade da música de melhorar o humor e aumentar a motivação dos praticantes de atividades físicas. “Ouvir nossas músicas favoritas pode ser um grande impulso, especialmente em treinos mais desafiadores”, explica Emerson.
Além disso, a música pode ajudar a reduzir a percepção de esforço durante o exercício. O professor Emerson ressalta que ritmos mais acelerados e músicas com batidas constantes podem sincronizar com o ritmo dos movimentos, criando uma sensação de maior facilidade e fluidez nos exercícios. “Essa sincronização pode fazer com que o exercício pareça menos exaustivo, permitindo que os indivíduos se exercitem por períodos mais longos ou em intensidades maiores”, complementa.

O professor Emerson, que dá aulas no curso de Educação Física da URB, também menciona experiências durante a profissão que demonstram que a escolha do tipo de música pode influenciar diretamente o desempenho. “Músicas com batidas rápidas e energéticas são ideais para exercícios de alta intensidade, como corridas e treinos intervalados, enquanto músicas mais lentas e suaves podem ser benéficas em atividades de relaxamento e alongamento”, esclarece ele. Em esportes como o futebol, voleibol e handebol são usadas músicas com determinado compasso para que o atleta mantenha determinada frequência cardíaca e ritmo de treinamento para melhorar a eficiência. A música também tem a capacidade de criar uma atmosfera mais agradável e envolvente, o que pode melhorar o programa de exercícios.
Helloise Roepcke, professora de música, explica de forma clara o impacto da música no cérebro humano. Ela destaca que ouvir uma música que gostamos pode aumentar os níveis de dopamina, proporcionando uma sensação de bem-estar. A música não só nos ajuda a focar no momento presente e a deixar de lado preocupações, mas também serve como uma forma genuína de expressar nossos sentimentos internos. Para Helloise, a música é uma parte essencial da identidade pessoal, refletindo não apenas preferências individuais, mas também as emoções que buscamos conectar e explorar.
A música exerce uma influência significativa no treinamento físico, atuando como um poderoso aliado para melhorar o desempenho, aumentar a motivação e reduzir a percepção de esforço. A escolha adequada do tipo de música, junto ao tipo de atividade física, pode potencializar esses benefícios, tornando o exercício uma experiência mais agradável e eficaz. Como conclui o professor Emerson, “incorporar a música na rotina de exercícios pode ser a chave para alcançar melhores resultados e manter um estilo de vida ativo e saudável”.