Busca por emprego motiva famílias a migrarem  

Santa Catarina já atraiu milhares de trabalhadores em busca de emprego, estabilidade e recomeço 

Daiane de Ramos 

Santa Catarina é conhecida por ser um dos principais destinos de imigrantes no Brasil. Somente no primeiro semestre de 2025, 10.646 pessoas vindas de outros países começaram a trabalhar no estado, segundo dados do Cadastro Geral de Empregos e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.  

Entre janeiro e dezembro de 2024, Santa Catarina registrou 18.900 novos trabalhadores vindos de outros países. Os venezuelanos possuem a maior participação, com 14.135 imigrantes contratados, seguido por argentinos, com 1.510, e cubanos, que totalizam 1.485. 

Chapecó, localizada no oeste catarinense, é a cidade que mais empregou estrangeiros em 2024, com 2.378 imigrantes que tiveram novas oportunidades profissionais. De acordo com o Caged, 85% são venezuelanos que conseguiram trabalho principalmente na indústria de alimentos e na prestação de serviços. 

Joinville, Florianópolis, São José e Balneário Camboriú também tiveram alto volume de novos trabalhadores vindos de outros países. Já Blumenau contratou 605 imigrantes em 2024.  

As oportunidades de emprego e renda são, para muitos estrangeiros, o principal motivo para a mudança. É o caso de Scarlet Gianella Rojas Navarro, 20 anos. A estudante de Fisioterapia da Universidade Regional de Blumenau (Furb) morava na cidade de Guayana, na Venezuela, onde a vida era muito tranquila, pelo menos até os 14 anos de idade. 

O pai de Scarlet tinha um bom emprego e, no início, ganhava o suficiente para sustentar a família, enquanto a mãe cuidava da filha em casa. “A situação econômica do país entrou em colapso, as empresas fecharam e o dinheiro mal dava para comprar coisas essenciais”, revela. 

Com isso, a luta para conseguir comida e remédios virou diária. Diante desse cenário, eles decidiram se mudar para Blumenau em busca de melhores oportunidades de trabalho e mais qualidade de vida. “Nós já tínhamos familiares aqui, que nos contaram sobre a cidade. Então, meus pais pesquisaram e viram que essa região tinha uma economia mais estável”, afirma. 

Scarlet sentiu que a mudança foi uma mistura de medo, esperança e curiosidade por algo novo, além do choque de uma nova cultura e idioma. Apesar dos desafios, a procura pelo primeiro emprego em Santa Catarina foi um processo rápido. Pouco tempo depois, ela foi contratada como Jovem Aprendiz na empresa Karsten. 

Para a universitária, a migração para Blumenau representa uma segunda chance e um recomeço. “Profissionalmente, agregou muito, além de me ensinar o valor da persistência e da adaptação. Apesar de todas as dificuldades, é um privilégio poder construir meu futuro aqui”, diz. Atualmente, ela trabalha como voluntária no Hospital da Furb e pretende abrir sua própria clínica após se formar em Fisioterapia. 

A decisão que mudou o rumo de uma família 

Santa Catarina não está apenas entre os principais destinos de estrangeiros. O estado ainda conta com um saldo positivo de 354,3 mil novos moradores vindos de outros lugares do Brasil, de acordo com dados do Censo 2022, divulgados pelo IBGE. 

Muitos migrantes se mudam para a região em busca de melhores oportunidades. Foi no ano de 2000 que Emílio Kuosinski, atualmente com 73 anos, tomou uma decisão que mudaria o rumo de boa parte da sua família: sair da zona de conforto à procura de emprego. 

Nascido na cidade de Erechim (RS), ele migrou para o Paraná aos 13 anos, onde se casou, teve dois filhos e viu o nascimento da primeira neta. O gaúcho residia em Quedas do Iguaçu e trabalhava em uma empresa que prestava serviços de construção civil para a prefeitura do município. 

Porém, após a troca de prefeito nas eleições municipais de 2000, o contrato com a empresa foi encerrado. “Eu enfrentei dificuldades na procura de emprego no Paraná e decidi que iria buscar novos horizontes para a minha vida profissional”, comenta. 

Foi assim que seu irmão mais velho, que já residia em Pomerode, contou sobre as oportunidades de trabalho na região catarinense. O gaúcho não pensou duas vezes e se mudou com a esposa para o município catarinense, onde começou a trabalhar como pedreiro alguns dias depois. 

Emílio seguiu na profissão até 2017, quando se aposentou. Atualmente, ele não exerce mais a função, mas continua ativo, fazendo caminhadas e ginástica. “Sou muito grato por ter me mudado para Santa Catarina. Aqui, tive muito mais segurança, estabilidade no meu emprego e qualidade de vida”, destaca. 

A busca por um futuro melhor 

Emílio tem uma filha, que se casou com Sebastião de Ramos e, anos mais tarde, teve uma bebê. Quando Emílio se mudou para Pomerode com a esposa, o restante da família permaneceu em Quedas do Iguaçu, pois o genro trabalhava em uma empresa como auxiliar administrativo. 

Porém, Sebastião foi demitido após oito anos de atuação, ficando sem emprego e com dificuldades para sustentar a família. Acompanhando a situação, o sogro convenceu o paranaense a tentar novas oportunidades em Santa Catarina. 

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