Por sua obra “Enclave”, Marcelo Labes concorre ao maior prêmio de literatura do país
Júlia Beatriz
Na literatura, um poema expressa pensamento e sentimentos de quem está escrevendo, e é isso que o escritor blumenauense Marcelo Labes, busca passar em cada verso, que além de transmitir seus sentimentos, traduz o que está acontecendo no Brasil, a realidade vivenciada todos os dias.
Pode-se dizer que a história de Marcelo começou cedo, em um dia de aula de Língua Portuguesa, no ano de 1995, onde escreveu seu primeiro poema. Desde lá, o interesse cresceu mais, até que resolveu conhecer a tradição literária de Blumenau e publicar seu primeiro livro, há 11 anos. “Parece que não pode haver uma história, mas uma sequência de histórias minhas na literatura e da literatura para comigo”, comenta o escritor.
Com nove obras publicadas, entre elas Enclave (Patuá, 2018), finalista do Prêmio Jabuti, mais tradicional prêmio literário do Brasil, o escritor conta que cada livro tem um momento marcante em sua história na literatura: “Quando publiquei meu primeiro livro, achei que seria lido, interpretado, resenhado. Isso só foi acontecer sete anos depois, com a publicação do Porque sim… Já O filho da empregada teve uma importância interna bem maior, já que exorcizei alguns demônios ali. Trapaça foi um livro publicado via financiamento coletivo e me abriu muitas portas”.

Foto: Divulgação Marcelo Labes
A obra Enclave é um livro-manifesto, com edição de Eduardo Lacerda, trazendo como assuntos principais o racismo e o fascismo. Quando avisado que seu livro foi um dos finalistas do Prêmio Jabuti, Marcelo não conseguiu conter a alegria e gratidão pelo seu livro ser reconhecido em um prêmio tão importante para a Literatura. “Dei um berro, abri um sorriso, abracei minha companheira, fui abraçado, recebi os parabéns e estou até agora sob o impacto de que Enclave foi lido com atenção pelos jurados, que viram nele um bom livro de poemas”, conta.
“Quando escrevo ao computador, faço isso na sala de casa, à mesa, com uma xícara de café e um cigarro aceso. Quando a urgência é manual, não interessa o lugar: papel e caneta à mão, sempre”
Marcelo Labes
Entre experiências no dia a dia, o escritor busca sempre guardar imagens, falas, cenas e sons, para utilizar mais tarde em algum poema. “Como tenho algumas linhas de escrita, procuro sempre “guardar” essas imagens em gavetas diferentes. Interessante é quando as referências se cruzam, as linhas de interesse se invadem, e o texto sai plural. Escrever, no entanto, é sempre um processo catártico. Aquelas referências todas fazem seus vínculos e o que precisa ser dito, é dito. Não gosto da ideia de iluminação, de que o poeta e o escritor são serem que são iluminados e escrevem. Mas gosto de pensar que o texto é quem me ilumina. O que devo fazer, neste caso, é permitir enxergar essa luz”, conclui Marcelo.
Obras
- Falações (2008, EdiFurb);
- Porque sim não é resposta (Hemisfério Sul/Antítese, 2015);
- O filho da empregada (Hemisfério Sul/Antítese, 2016);
- Trapaça (Oito e Meio, 2016);
- Enclave (Patuá, 2018);
- O poeta periférico (Edição do autor, 2018);
- Paraízo-Paraguay (Caiaponte, 2019);
- Antissonetos & outras formas (Edição do autor, 2019);
- Poemas de Condomínio (Edição do autor, 2019).