Indústria Cervejeira: muitos motivos para conhecer a Oktoberfest

Ir para a “Oktober” e não tomar chope?  Nein, nein, nein. A bebida que já foi usada como forma de pagamento para os trabalhadores no antigo Egito, hoje é um dos elementos principais na maior festa de celebração da cultura germânica, a Oktoberfest. Os chopes e cervejas estão presentes na festa desde sua criação e conforme a Oktoberfest foi sofrendo mudanças para satisfazer o público, as indústrias cervejeiras seguiram o mesmo caminho. 

Uma dúvida permeia a cabeça de pessoas não muito familiarizadas com a indústria cervejeira: afinal, qual a diferença entre chope e cerveja? O chope, ou no alemão schoppe, é uma bebida tipicamente servida em barris. E para prolongar seu tempo de validade, mestres cervejeiros implementaram o processo de pasteurização. Este processo, além de deixar a bebida com um maior tempo de duração, torna-a um pouco mais forte e menos cremosa. Já as cervejas sofrem um processo de pasteurização que utiliza o calor para inativar microrganismos dos alimentos.

Quando a Oktoberfest vai se aproximando de seu início, o público começa a se agitar e se animar. Junto dos consumidores, os produtores de bebidas e mestres cervejeiros esperam ansiosamente pelo início da festa. Eles enxergam na Oktoberfest, um fator para alavancar ainda mais as marcas. Péricles Romero Espínola, gestor da cervejaria Scholler’s Bier, comenta que a festa tem muito impacto em qualquer que seja a marca.

“É um divisor de águas em termos de vendas e exposição de marca para qualquer cervejaria, é uma venda muito acima da média. A gente se prepara três meses antes da festa com produção para poder suprir o evento”

Péricles Romero Espínola

A Oktoberfest faz com que as marcas fiquem conhecidas no mundo todo, e essa exibição é fundamental para o crescimento ainda mais das indústrias cervejeiras artesanais. Porém, junto ao degrau de crescimento, a inovação em sabores e rótulos é um esforço em conjunto necessário. Péricles cita também que esse movimento já começou faz bastante tempo “hoje eu vejo que o público está mais exigente com a cerveja, principalmente o público da cervejaria artesanal, ele bebe menos, mas com mais qualidade. Um exemplo disso, está sendo consumido mais as cervejas especiais do que a própria Pilsen. Fato esse que nós estamos com 58% de venda das cervejas especiais para 42% de Pilsen aqui na festa”, afirma.

Fernanda Reiter Franzis, coordenadora administrativa financeira da Cervejaria Blumenau, percebe que o estilo da população vem mudando constantemente. Uma prova disso são as cervejas sem glúten, e as cervejas sem álcool. “Existe um comitê, um núcleo, onde é reunido e discutido pontos para poder fomentar cada vez mais essa inovação, já que temos Blumenau como capital nacional da cerveja”, explica.

Com o quesito de inovação sendo pautado em diversas questões de cervejarias, a esperança desse crescimento só aumenta com o passar dos anos. Péricles ressalta um ponto sobre fiscalização ser de forma igualitária entre cervejarias artesanais e industrializadas: “hoje você tem qualidade nas cervejas artesanais, mas você não tem um preço atrativo para competir com as industrializadas, porém já tramita no estado o projeto de lei para derrubar a substituição tributária (ST), que é um tributo que incide sobre cervejas artesanais. Assim que cair essa ST, as cervejarias vão ter mais competitividade financeiramente entre elas”, destaca.

Devido aos estragos provocados pelas intensas chuvas que ocorreram no mês de outubro, a Oktoberfest teve de ser cancelada duas vezes. As cervejarias não sofreram tanto com essas suspensões quanto os segmentos de alimentação e hospedagem. Fernanda Franzis explica que essa interrupção foi extremamente necessária, porém houve danos. “As cervejarias sofreram com a queda no movimento, mas o impacto não é tão grande comparado ao da área da alimentação, por exemplo, uma batata, se ela ficar uma semana fora, sem ser consumida, ela vai estragar, já as cervejas têm um prazo de validade um pouco maior”, declara.

Péricles Espínola evidencia dados em decorrência da paralisação, e afirma que o faturamento das vendas vai estar bem abaixo em comparação ao ano de 2022.

“São 142 mil pessoas a menos que vieram na festa comparado ao ano passado, isso dá um impacto direto no consumo, baixou o consumo de cervejas para todos, tanto para as cervejarias artesanais ou para as oficiais”

Fernanda Franzis

Para os companheiros da Oktoberfest, a cultura cervejeira representa muito mais que apenas a bebida, representa uma tradição. Os chopes e cervejas que já estão na festa desde a primeira edição são popularmente conhecidos pelo público apreciador dessa arte. Ailton Gonçalves consegue se lembrar muito claramente de suas memórias com as cervejas, e que é um fato que não vai sair de sua mente. “Quando eu vim morar em Blumenau, vim para a Oktoberfest, e fui influenciado a tomar bastantes chopes e cervejas, e nunca havia provado uma cerveja com gosto de comida junto, provei uma cerveja da Dona Patroa que tinha gosto peculiar de bacon, e isso ficou marcado na minha memória”, afirma.

A festa é para todas as idades e carrega nos braços o fardo de ter a cidade Blumenau como a capital nacional da cerveja. Com tantas opções para o público, Rafael Domingos Martins cita as suas cervejarias favoritas: “Eisenbahn e Chopp Blumenau têm um sabor único e não troco por nada”, avalia. Já sua amiga Kalinca Najarian Carvalho prefere outros rótulos. “Sem dúvidas, minhas favoritas são as cervejas da cervejaria Das Bier”.

Dicas são fundamentais para o público que nunca veio, ou não tem muito costume de frequentar a festa. Péricles faz um paralelo interessante: “se eu vou para o Nordeste a turismo, eu vou comer a gastronomia de lá, não a daqui da região que eu tenho a qualquer hora. A mesma coisa é a cerveja, a quantidade de cerveja de qualidade dentro da festa é enorme, então ao turista e moradores, eu sugiro que venham e desfrutem desse mundo de rótulos de cerveja que tem aqui dentro”, declara. Fernanda Franzis enfatiza que o Vale da Cerveja conta com mais de 10 cervejarias com visitação aberta, e que nesses espaços a experiência é única, já que um mestre cervejeiro explica cada estilo. “Fortaleça o consumo local, os pequenos empreendedores, para que a gente possa crescer junto com a cidade, trazer a economia para dentro da cidade, não mandar o nosso dinheiro para fora, mas sim, fazer ele girar dentro da nossa cidade”, finaliza.

Lucas Antônio Rodrigues e Natalia Bollmann

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