A expansão da gastronomia blumenauense por meio das hamburguerias

O crescimento do mercado é reflexo dos hábitos da população, cada vez mais as pessoas desejam comer com qualidade e velocidade

Carla Marina Bucci

“Aqui se come sem culpa”. Essa é a frase que estampa o quadro de giz dentro de uma entre as várias hamburguerias em Blumenau. Na contramão da crise econômica, o segmento gastronômico cresceu de forma expressiva em todo o país nos últimos anos. Segundo dados do Sebrae, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, o segmento de alimentação fora do lar foi um dos que mais se beneficiou nos últimos 15 anos e também um dos mais impactados com a crise econômica. A última pesquisa realizada IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, apontou que o brasileiro gasta cerca de 25% de sua renda com alimentação fora do lar. Esses dados são o reflexo de que, em todo o país, as pessoas têm sentido cada vez mais a necessidade de comer com qualidade e velocidade. Isso acontece porque a gastronomia se tornou uma forma de entretenimento, transformando a forma como o consumo é realizado no segmento. E na região do Vale do Itajaí não é diferente. 

Até 2015, Blumenau não contava com nenhuma casa exclusivamente de hambúrguer, mesmo que a produção artesanal já fosse feita em diversos restaurantes da cidade. Em dezembro desse mesmo ano, a chefe Nana Oliveira surgiu como pioneira no segmento de hamburguerias artesanais abrindo as portas da “Nana Hamburgueria”, hoje referência na cidade. Nana esclarece que apostou em hambúrgueres artesanais para evitar os fast e junk-foods: “Mesmo com as rotinas atarefadas que a maioria das pessoas vivem, o restaurante foi criado para ressaltar o comer bem, com sabor e aproveitando o prazer de cozinhar, o que tinha se tornado bastante difícil nos últimos tempos”, desabafa a chef. Na opinião de Jerusa Schroeder, diretora executiva do Instituto Gene e professora de empreendedorismo na Universidade Regional de Blumenau (FURB), as casas de hambúrguer artesanal são uma evolução das lanchonetes tradicionais, as quais ainda estão presentes em Blumenau, mesmo que em menor número: “Hoje o conceito é criar um ambiente diferente, que una gastronomia, bebida, entretenimento,  música, esporte e cultura, contribuindo para o crescimento econômico da cidade”, afirma.

As sobremesas também ganham destaque no cardápio artesanal. Créditos: Carla Marina Bucci.

O fim do fast-food?

Por muito tempo, o sinônimo de hambúrguer foi o fast-food: carnes processadas, litros de óleo e um combo cheio de calorias. O que não se pode  negar, é que seus preços continuam sendo mais acessíveis e sua forma de produção mais rápida. Contudo, segundo informações do  Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, os modelos de negócio “tradicionais” necessitam de uma reformulação e adequação às novas tendências de consumo, é preciso que considerem uma realidade já constatada: as pessoas têm menos dinheiro e estão mais exigentes e seletivas. No contexto atual, o custo-benefício não é baseado em preço, mas o quanto é entregue pelo que é cobrado.

Entendendo essa crescente demanda, as hamburguerias artesanais surgem com o objetivo de oferecer às pessoas uma experiência diferente na hora de consumir carne. A chefe internacional Nana Oliveira concorda: “As pessoas estão aprendendo a comer bem. Estamos passando por um processo de evolução na gastronomia brasileira e quem não tiver qualidade e sabor não vai conseguir sobreviver nesse mercado”, afirma.

Na verdade, por mais que o hambúrguer seja o protagonista do prato, todos os ingredientes são reavaliados no processo artesanal, desde o cuidado na escolha e preparo dos pães até seus mais variados acompanhamentos. As clássicas e semi prontas batatas fritas também não ficam de fora: feitas de forma caseira, acompanham os mais variados tipos de molhos. 

Inovação é o que conta

Na hora de escolher uma dentre diversas opções de restaurantes, tudo conta: a comida, o atendimento, o preço e claro, a tematização e o ambiente. Para a cliente Paola Cristina Bauler Voltolini, de 19 anos, “o restaurante deve ter ambiente agradável e um bom atendimento, junto com a qualidade da refeição”. E assim como Paola, cada vez mais os blumenauenses vêm levando esse ponto em consideração, tornando-o até decisivo. Os empreendedores da região, percebendo esses tipos de exigência dos clientes, estão investindo em arquiteturas inovadoras e decorações criativas e inusitadas, tudo no intuito de dar personalidade ao ambiente. 

Jerusa Schroeder, diretora executiva do Instituto Gene, afirma que o posicionamento de hamburguerias transpiram influência norte-americana: “Somando isso ao estilo brasileiro, também aumenta as opções de lazer e cultura da cidade”, afirma. Com todo o conforto que os ambientes devem contar, também é importante que traduzam de forma democrática a variedade de públicos que a cidade comporta, desde famílias completas até grupos de jovens.

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