O importante trabalho feito pelos carrinheiros, que ajudam no trabalho de reciclagem em Blumenau, e tiram seu sustento deste trabalho
Sávio James e Victor Vinícius
Há um provérbio francês que diz que “o lixo de uns é o tesouro de outros”. Mais do que tesouro, esses rejeitos de cada dia são o ganha-pão de muitas pessoas. Isso vai muito além das indústrias que reutilizam materiais recicláveis em sua linha de produção, ou dos benefícios que isso traz ao meio ambiente. Ali, entre o “lixo e o tesouro” existem “uns e outros”.
Blumenau pode se dizer privilegiada pois é uma das 1055 cidades que possui serviço de coleta seletiva, de acordo com a pesquisa Ciclosoft 2016 do Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre). Isso corresponde a apenas 18% dos municípios brasileiros. Além do serviço de coleta, existem os carrinheiros, que percorrem as ruas da cidade catando papelão, alumínio, metais, plásticos e diversos outros materiais que não precisarão ser extraídos da natureza novamente, porque serão reutilizados nas indústrias. A profissão de catador foi reconhecida pelo Ministério do Trabalho e Emprego em 2002.
Por trás de cada carrinheiro, existe uma história. Debaixo dos pés de cada homem que gasta seus dias e suas sandálias carregando papelão, como quem carrega sobre si o peso da sociedade, estão guardados sonhos e desejos. Mesmo aqueles que não estão na rua, mas estão em galpões separando esse material, precisam ser lembrados pela sociedade e merecem ser ouvidos, talvez como gratidão por seus serviços. Se imaginássemos as ruas da cidade sem ninguém para limpá-las e para tirar de suas calçadas todo o lixo produzido, conseguiríamos mensurar a importância dessas vidas.