Blumenau: heranças europeias e falta de diversidade

Por meio de incentivo público, a cidade se tornou referência turística por suas raízes alemãs, mas outras culturas têm pouca representatividade

Blumenau vista de cima. Créditos: Patrick Rodrigues.

Fundada em 2 de setembro de 1850 pelo alemão Hermann Bruno Otto Blumenau, um dos aspectos marcantes da influência europeia na cidade está em suas casas e prédios. O centro histórico e a Vila Itoupava, são exemplos disso, com edifícios de estilo enxaimel, uma técnica de construção caracterizada pelo uso de vigas de madeira entrelaçadas, que remontam às origens alemãs.

Localizada na região do Médio Vale do Itajaí, em Santa Catarina, a “terra da Oktoberfest” tem uma rica história de influência europeia que se reflete em sua arquitetura, festas e tradições.

Entretanto, devido às questões climáticas, o material das casas tradicionais foi projetado para refrescar o ambiente, ao invés de reter o máximo de calor como é comum na Europa. As fachadas coloridas e bem preservadas desses edifícios auxiliam no turismo, remetendo os visitantes ao século XIX.

Segundo José Inácio Sperber, Secretário da Cultura da Prefeitura Municipal de Blumenau, a preservação das raízes alemãs é incentivada pelo poder público:

“Como um projeto de disseminação da cultura, seja pelas mídias sociais, projetos advindos das secretarias e nas escolhas do orçamento do município as casas tradicionais de Blumenau, suas fachadas são um reflexo da ênfase na preservação da cultura germânica na cidade”.

Vila Germânica no verão de Blumenau. Crédito: Dicas de Viagem.

Além da arquitetura da cidade, Blumenau se tornou famosa por suas festas tradicionais. A mais conhecida é a Oktoberfest, a segunda maior do tipo no mundo, inspirada na festa da cerveja de Munique, na Alemanha.

Nos 19 dias da edição de 2022, 634 mil pessoas lotaram os pavilhões. Segundo dados da organização, os números de 1990 e 1992 foram os mais expressivos. No primeiro caso, o recorde foi de 774.672 litros de chope consumidos, e no segundo, foi registrado o público recorde de 1.010.060 pessoas.

De acordo com José Inácio Sperber, os resultados positivos acerca da transformação local, especialmente pela Oktoberfest, têm relação com a retomada econômica e social após as enchentes que abalaram a cidade nos anos 80. Nos dias atuais, o fomento ao turismo cultural, intensificado nos meses de outubro, também influencia na popularidade do evento.

Praça de alimentação na Oktoberfest Blumenau 2023 . Creditos: Oktoberfest Blumenau.

Entretanto, nem só de Oktoberfest vive Blumenau. Entre as principais opções estão a Festitália, que se destaca a influência italiana na região com músicas, dança, comida típica e até mesmo uma competição de vinho.

Já a Sommerfest, que em português significa “festa de verão”, é uma celebração mais recente e traz música, dança e pratos típicos de países como Alemanha e Suíça.

Ausência da diversidade cultural

Apesar de o município carregar fortes influências europeias, outras formas de expressão cultural também estão presentes, embora tenham menos exposição. Um exemplo são os povos originários, com raízes profundas em Blumenau, onde todo o território pertence à etnia Xokleng, uma das três que compõem os povos indígenas de Santa Catarina.

Atração da edição 2023 do Colméia. Créditos: NSC

Embora a promoção da cultura alemã traga vantagens econômicas, essa ênfase tem levado à marginalização de outras, como a afro-brasileira, nortista, nordestina e o hip-hop, que assim como no resto do país, contribuem para a diversidade da cidade.

Além dessas expressões culturais, Blumenau também abriga uma crescente comunidade de imigrantes de diferentes origens, no entanto, essas comunidades muitas vezes enfrentam desafios na busca por reconhecimento e integração plena. 

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