A importância da ligação entre a Oktoberfest e a indústria da cerveja e do chope para Blumenau.
Não foi por acaso que Blumenau, em 2017, recebeu a nomenclatura de capital nacional da cerveja. A cidade é internacionalmente conhecida no ramo e, no Brasil, é a mais destacada quando se trata do assunto. Com uma imensa variedade de cervejarias e possuindo múltiplas premiações tanto no Brasil quanto fora do país, todo amante de cerveja e chope tem como desejo visitar Blumenau.
Eventos como o Festival Brasileiro da Cerveja ou pontos turísticos como o Museu da Cerveja são destinos muito procurados pelos turistas, porém, a Oktoberfest é a festa onde a cidade tem maior força. A Oktoberfest Blumenau é a segunda maior do planeta, perdendo apenas para a de Munique. Em 2023, de acordo com o NSC Total, a festa contou com 634 mil pessoas e foram vendidos 683 mil litros de chope.
“A indústria da cerveja em Blumenau evoluiu muito, tanto que é a capital nacional da Cerveja. Surgiram muitas cervejarias artesanais novas nos últimos anos”.
“Mile” Grafe, 64 anos, aposentado.
Na Oktoberfest 2024, a variedade de opções para os cervejeiros é impressionante, sendo 122 tipos diferentes à disposição. A Spaten é a cara do evento neste ano. A empresa alemã de Munique vem investindo muito na cidade nos últimos tempos e tendo grande retorno. No entanto, Blumenau não ganhou sua nomenclatura por conta dela, mas sim pelas suas cervejarias artesanais. Blumenau possui 18 cervejarias registradas, já quando se engloba o Vale do Itajaí são 40 empresas. As cervejarias da cidade como a Cerveja Blumenau e a Scholer’s Bier, têm grande reconhecimento, tendo estandes próprios na festa alemã.
Muitas pessoas esquecem, ou sequer sabem, que a indústria da cerveja em Blumenau tem grande ajuda de cidades da região como Timbó e Pomerode. A Schornstein, por exemplo, é uma cervejaria de Pomerode que já recebeu várias premiações pelas suas cervejas e é uma das maiores da região. A Schornstein, mesmo não sendo de Blumenau, tem sua marca deixada na Oktoberfest desde 2006 (apenas quatro meses após a fundação da cervejaria), além de ter como principais consumidores a população blumenauense. “Participar da Oktoberfest de Blumenau faz parte da essência da Schornstein, já foram mais de dez participações. Essência essa que se transferiu para a Oktoberfest de São Paulo, da qual a Schornstein participa faz alguns anos”, explica Maurício Zipf, 55 anos, um dos sócios fundadores da Schornstein e atualmente acionista da Companhia Brasileira de Cerveja Artesanal (CBCA), empresa que rege a marca Schornstein e outras três marcas de renome nacional.

Fundada em 2006, a Schornstein é sediada em um prédio histórico de Pomerode e tem como objetivo trazer a essência da cerveja alemã em suas garrafas. Ganhou muito destaque em 2014, quando ganhou a medalha de ouro no Concurso Brasileiro da Cerveja com sua cerveja IPA, além de ter ganho também medalha prata com sua Witbier nesse mesmo concurso. O crescimento da cidade auxilia o crescimento das cervejarias e vice-versa, portanto quanto mais renome tem uma cervejaria da região, mais olhos são abertos para enxergar a riqueza de sabores que Blumenau e sua região possuem.
“As medalhas de 2014, principalmente da IPA, foram fundamentais para conquistarmos o reconhecimento nacional. Tínhamos acabado de lançar nossas cervejas em garrafas, até então comercializávamos apenas barris de chope. A possibilidade de distribuir nossas cervejas para o país todo, aliada a fama de melhor IPA do Brasil, “catapultou” o crescimento da cervejaria. Foram anos sem conseguir atender à demanda, tamanho e o volume de pedidos em relação a nossa capacidade produtiva na época”.
Maurício Zipf, 55 anos
Os chopes dos estilos Pielsen, IPA, Weizen e até alguns alternativos, são opções que chamam a atenção de todos. Os turistas sempre ficam encantados com tamanha variedade que Blumenau oferece. “Em Goiás não existe a diversidade que tem aqui. Gostei muito do chopp de cereja da Alles Blau”, conta Paulo Lima, 80 anos, aposentado. As cervejarias Alles Blau, Cerveja Blumenau e Balbúrdia trazem neste ano os chopes Catharina Sour, tendo sabores de manga e pimenta rosa, pêssego, cupuaçu e framboesa. O Catharina Sour, criado em 2016, é o primeiro estilo de cerveja criado no Brasil, sendo o único reconhecido pelo BJCP, uma das entidades mundiais que visa promover o conhecimento, entendimento e apreciação dos estilos de cerveja. A Catharina Sour se caracteriza por ser leve, refrescante, de teor alcoólico médio e amargor imperceptível.
Junto da economia, o mercado cervejeiro em Blumenau também vem tendo suas oscilações. A solução encontrada pelas empresas foi a de uma união, assim sendo criado o Vale da Cerveja. Fundada em 2019, é constituída pela Escola Superior Cerveja e Malte e por 15 cervejarias, sendo elas Alles Blau, Balbúrdia, Belgard, Berghain, Bierland, Borck, Cerveja Blumenau, Container, Das Bier, Holzbier, Omas Haus, Segredos do Malte, Scholer’s Bier, Schornstein e ZeHn Bier. A criação do Vale da Cerveja teve como intuito a valorização da cerveja artesanal em Blumenau, o incentivo à produção e a atração de turistas, além de ajudar na manutenção de empregos e na economia da cidade.

“A associação Vale da Cerveja está sendo fundamental para o desenvolvimento turístico e de eventos cervejeiros. Na maioria das vezes ações coordenadas em conjunto trazem resultados bem melhores do que esforços individuais”, lembra Maurício. A sustentabilidade e harmonia das empresas é extremamente importante para a evolução da indústria. Assim, Blumenau, que já era referência mundial, após a união das cervejarias, teve um crescimento ainda maior. Todo ano há novas cervejas, novos investimentos, novos formandos na Escola Superior Cerveja e Malte e novos empregos gerados. Do dia 9 ao dia 27 de outubro o público pode apreciar um pouco da cultura blumenauense e se deliciar provando da imensidão de sabores que a Oktoberfest proporciona.
Por: Ariel Baratieri e Felipe Marinelli