Pavilhão 1 da Vila Germânica é a casa da Itália até 22 de junho
Blumenau passa a respirar cultura italiana durante o mês de junho com a chegada da Festitália. O evento, criado em 1994, atinge a 30ª edição neste ano como um marco da presença italiana no Vale do Itajaí, região que abriga parte expressiva da imigração vinda do norte da Itália, que completa 150 anos. Promovido pelo Lira Circolo Italiano di Blumenau, o evento já se consolidou como uma das principais celebrações da cultura italiana no Brasil.
Entre os dias 12 e 22 de junho, o Parque Vila Germânica abriga o evento com uma estrutura pensada para oferecer uma imersão completa. O público transita entre apresentações culturais, gastronomia típica, vinhos, exposições e intervenções artísticas que dialogam com a história da imigração. Em 2024, a festa atraiu aproximadamente 40 mil pessoas. Para a edição deste ano, a organização projeta crescimento, com expectativa de ampliar o público e consolidar o evento como o maior do gênero no país.
Dentro dos pavilhões, a ambientação remete a vilarejos italianos, com decoração em madeira, iluminação amarelada e elementos visuais que evocam regiões como Trentino, Lombardia e Veneto. No setor gastronômico, mais de uma centena de pratos são ofertados, incluindo receitas clássicas como nhoque, lasanha, risoto, polenta, queijos variados e carnes assadas, além de versões adaptadas ao sul do Brasil. O sistema de buffet fixo, batizado de Casa di Sapori, permite o visitante degustar de uma variedade de sabores por um valor fixo. O ingresso para a área principal da festa custa R$ 22 (meia entrada por R$ 11). A bilheteria opera com diferentes formas de pagamento, incluindo cartão e Pix, além de um sistema de pulseira digital que agiliza o consumo interno.
No campo musical, a programação valoriza desde grupos folclóricos com repertório tradicional até artistas contemporâneos que reinterpretam a música italiana com uma pitada de influência brasileira. As bandas locais dividem o palco com conjuntos vindos de outros estados. Já os grupos de dança, como Cuore Trentino e Fratelli del Circolo, apresentam coreografias com trajes típicos e repertórios coreografados que remontam à cultura camponesa da Itália do século XIX.
Uma das atrações mais simbólicas do evento é a Noite de Máscaras, marcada para o segundo sábado, dia 19 de junho, às 18h. Inspirada no carnaval veneziano, a noite convida os visitantes a vivenciar a celebração em um clima de anonimato festivo. As máscaras, como a Bauta (que cobre o rosto inteiro) e a Colombina (mais decorativa), têm origem nos bailes de Veneza da Idade Média e representam uma tradição que atravessa séculos. No contexto da festa, funcionam como um gesto simbólico de igualdade e pertencimento.
Além das atividades dentro dos pavilhões, a Festitália se expande para as ruas. No primeiro sábado do evento, 14 de junho, um desfile toma o centro da cidade com carros alegóricos, descendentes de imigrantes e representações históricas que reconstroem a chegada das primeiras famílias italianas à região. O cortejo conta com grupos escolares, associações culturais e fanfarras, estabelecendo um elo entre o passado e o presente de Blumenau.
Mais do que um evento turístico ou gastronômico, a Festitália se consolida como uma ação de afirmação identitária. Ao transformar a Vila Germânica em um espaço de celebração da herança italiana, o festival contribui para manter viva a memória da imigração e reforça a diversidade cultural que compõe Santa Catarina. É uma festa que articula tradição, pertencimento e renovação cultural — não apenas celebrando o passado, mas atualizando o significado de ser italiano no Brasil de hoje.
Por: Victor Guerreiro e Cássia Paim