Como a Oktoberfest auxilia no crescimento das cervejarias regionais, impulsionando a economia, o turismo e a geração de empregos no Vale do Itajaí
A Oktoberfest, maior festa alemã das Américas, que acontece em Blumenau desde 1984, também impulsiona a indústria cervejeira da cidade e também da região. Muitas das cervejarias locais, que fazem parte do circuito de microcervejarias do município, montam seus próprios estandes e servem diversos estilos da bebida, desde as tradicionais, como Pilsen e IPA, até as mais inovadoras, como as saborizadas de tangerina e amora. Além disso, o evento conta com a participação de marcas renomadas do Brasil e do exterior, como Spaten e Ambev.
Além das cervejarias já conhecidas pelo público, Alles Blau, Bierland, famosa pelos sour chopps, Scholer’s, Blumenau, Holzbier, Wunder Bier e Schornstein, desde a edição de 2022 até a atual edição de 2024, houve a nova participação de um consórcio de microcervejarias. Formado por Balbúrdia, Oma’s, Segredos do Malte, Container e Kewitz, a participação das cinco trouxe novos ares a uma tradicional festa.

A cervejaria artesanal Balbúrdia causou grande repercussão pelos diferenciais de suas cervejas. Conhecida pela “cerveja proibida da Oktoberfest”, eles contam com a cerveja mais alcoólica da edição, a Diabéisso com 11,8% de teor alcoólico. Apenas essa cerveja já gera um impacto no bolso do consumidor, sendo considerada uma das “superespeciais”, é uma das mais cara custando R$ 21,00.
“Apesar da Oktoberfest, as cervejarias possuem uma dificuldade muito grande em relação aos tributos, e sobretudo os custos dos insumos para a produção do produto. Nos últimos anos, por conta da pandemia, tivemos um custo operacional com uma alta crescente, principalmente pela alta do dólar nas compras do malte e do lúpulo, o que faz com que o produto se torne mais caro”, explica Rafael Marghotti, sócio da Balbúrdia Cervejaria
Além disso, eles contam com um lançamento para edição de 2024, a cerveja com terpeno de cannabis sativa, que seria um composto aromático que contribui para o aroma e sabor dessa cerveja. A partir desse lançamento na Oktoberfest, a Balbúrdia almeja comercializar o produto.
“Apesar da Oktoberfest, as cervejarias possuem uma dificuldade muito grande em relação aos tributos, e sobretudo os custos dos insumos para a produção do produto”
Rafael
Para as cervejarias participantes no evento, o impacto econômico não é direto, com o público consumidor migrando dos bares para Oktoberfest, o aumento do faturamento ou volume de produção não é impactado. “Com a venda da festa acabamos ficando no zero a zero em termos de volume”, explica Rafael.
Visibilidade econômica
De acordo com pesquisas publicadas pela NSC, de 2017 a 2023, a Oktoberfest teve um lucro total de aproximadamente 27,5 milhões de reais, e uma média de 300 mil visitantes por ano, vindos de diversas localidades do país. Além disso, a partir de uma pesquisa realizada em 2024 pelo Projeto Focus, da Universidade Regional de Blumenau (Furb), 83% da população blumenauense veem a Oktoberfest como um movimento benéfico para a comunidade local, principalmente nos aspectos econômicos, sociais e culturais, que reforçam o fortalecimento da identidade de Blumenau.

O público da festa mais tradicional alemã no Brasil possui em média 32 anos, e estão cada vez mais adeptos aos novos sabores das cervejas artesanais. A reportagem ouviu cinco visitantes e, com base nessas respostas, descobriu que o público gasta aproximadamente 200 reais com cerveja por noite, e possui como favorito o chopp saborizado de amora. “Eu vou para a Oktoberfest com muita frequência, todo ano tenho que vir pelo menos um dia para curtir e ver as novidades da edição. Eu bebo bastante, então gasto uns 200, 300 reais por noite só com cerveja, e as minhas favoritas até o momento foram as frutadas”, diz Luana Picolli, enfermeira blumenauense de 31 anos.
“A gente espera que passando a Oktoberfest, as pessoas venham conhecer as cervejarias, buscando mais esse tipo de produto no seu dia a dia. Produtos artesanais, de origem blumenauense e que gera emprego e renda para a cidade”, completa o sócio da Balbúrdia Cervejaria.
Geração de empregos
A geração de empregos em uma cidade não só impulsiona a economia local, mas também melhora a qualidade de vida e promove um crescimento em diversas áreas da cidade. A Oktoberfest não só gera um faturamento importante para Blumenau, como também impacta em dezenas de trabalhadores e microempresas.
De acordo com Rafael Marghotti, a Balbúrdia impacta diretamente em vagas de atendimento, gerando 20 empregos no período do festival. Isso influencia diversas famílias que usam os “bicos”, empregos de curto período, em suas rendas familiares. Além das novas vagas que surgem na fábrica, para o aumento da produção de cervejas para suportar o público da Oktoberfest.
Apenas para as vagas de dentro do evento, como agente de segurança, operador de monitoramento, servente de limpeza e operador de máquinas, foram disponibilizadas ao todo 560 vagas, segundo o Sistema Nacional de Emprego. Para o Parque Vila Germânica, a expectativa é que se crie 6.000 empregos na atual edição.
Capital da Cerveja
No dia 09 de março de 2017, a cidade de Blumenau foi nomeada como a Capital Nacional da Cerveja pela lei número 13.418/2017. A fama desse título é decorrente da forte influência da cultura alemã na cidade, vinda da colonização no século XIX, quando os imigrantes trouxeram para a região do Vale do Itajaí o conhecimento e a paixão pela cerveja artesanal.

O projeto de lei que concedeu a honraria à Blumenau foi proposto por Décio Lima, na época deputado federal, e com uma antiga trajetória como prefeito da cidade. Para ele, o título como Capital Nacional da Cerveja “contribuirá para o desenvolvimento da indústria e da cultura cervejeira e fortalecimento do turismo da região do Vale do Itajaí”. A afirmação posteriormente se tornaria realidade pelos próximos anos.
Por: Lidia Fleming e Laura Severo