O projeto que pode colocar a cidade como polo de inovação avança com a estruturação de sua área física
O Distrito de Inovação de Blumenau (DIB) está, aos poucos, se moldando. O território, situado entre a Praça dos Músicos e o Senai, na região do Bairro Itoupava Seca, transcende uma mera delimitação geográfica. O DIB será um espaço destinado a experimentos em urbanismo, tecnologia e mobilidade. O Master Plan, um plano de revitalização da área apresentado pela Prefeitura, define metas e diretrizes para a execução do projeto, que busca posicionar Blumenau como um polo de inovação com alcance além dos limites municipais.
O que é um Distrito de Inovação?
Um Distrito de Inovação é definido como uma região geográfica que agrega empresas, startups, conjuntos residenciais, instituições de ensino e empresas incubadoras. Esses elementos, juntos, criam um ecossistema colaborativo que proporciona o ambiente ideal para o desenvolvimento de novas ideias, serviços e produtos.
Uma das principais referências de distrito de inovação da América Latina é Porto Digital, localizado em Recife, Pernambuco, criado em 2000 e que possui um ambiente integrado que possibilita desenvolvimento tecnológico, infraestrutura diferenciada, conectando startups, empresas, instituições de ensino, organizações e instituições de ciência e tecnologia de diversos segmentos de tecnologia.
O planejamento de um distrito de inovação para Blumenau começou em 2012. Sua criação foi oficializada por meio de um decreto assinado em 2022, durante uma reunião que aconteceu no próprio Centro de Inovação Blumenau (CIB). Trata-se de uma área urbana planejada, localizada no bairro Itoupava Seca, voltada para integrar moradia, trabalho, mobilidade e tecnologia em um mesmo território, funcionando como um laboratório vivo de soluções para a cidade.
O Distrito busca se consolidar como uma estratégia de longo prazo para o desenvolvimento da cidade. Diferente de projetos urbanos convencionais, concebidos para serem entregues como estruturas prontas, o DIB adota um modelo flexível e adaptável, capaz de acompanhar transformações sociais, econômicas e tecnológicas. A proposta é que o processo de evolução seja contínuo e inclusivo.

A delimitação do DIB
A delimitação do DIB, localizada em grande parte da Itoupava Seca, passou por ajustes ao longo dos anos à medida que o projeto avançava e os estudos de urbanização se aprofundavam. Hoje, a área compreendida entre a Praça dos Músicos e o Senai é definida não apenas como um recorte territorial, mas como um espaço voltado à experimentação em urbanismo, tecnologia e mobilidade, com o objetivo de impulsionar novas formas de desenvolvimento para a cidade.

Investimentos e primeiras ações do Master Plan
No dia 2 de junho de 2025, o Governo do Estado anunciou a liberação de R$ 60 milhões em verbas para o DIB, dando início à implantação da proposta do planejamento desse território após 14 anos de organização, estudos e definição da extensão territorial.
Nos últimos meses, foi apresentado pela Prefeitura de Blumenau um plano abrangente de longo prazo para orientar o desenvolvimento do DIB. Conhecido como Master Plan, esse documento estabelece metas e diretrizes que norteiam a transformação de uma área específica, organizando desde aspectos de urbanismo até estratégias de mobilidade, tecnologia e integração social. No caso de Blumenau, o objetivo é posicionar a cidade como um polo de inovação com influência que ultrapasse seus próprios limites geográficos.
Walfredo Balistieri, secretário de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Empreendedorismo, relata que o plano já está traçado e a movimentação para conclusão dos objetivos iniciais começou com a solicitação de desapropriação dos terrenos que serão destinados ao Boulevard de Integração, que será o “projeto vitrine” para a inicialização da delimitação física do distrito. Também há a restauração da Casa Salinger e construção do segundo prédio do CIB.
Todo o planejamento busca articular o passado e o futuro, preservando a cultura arquitetônica e, ao mesmo tempo, criando um ambiente acessível e tecnológico para a população. “O Master Plan prevê drenagem, calçadas, ruas acalmadas e espaços de convivência. O Distrito será lugar de moradia, lazer e inovação, alinhado ao conceito de cidade inteligente”, afirma Walfredo.

Para Daniel Maffezzolli, secretário de Planejamento Urbano de Blumenau, as metas do projeto também consideram a atração de um público jovem, que poderá viver próximo de oportunidades de trabalho, moradia e mobilidade.
“O que a gente quer proporcionar para o Distrito é um local onde as pessoas queiram estudar, trabalhar, morar, permanecer, se desenvolver ali dentro. Esse é o principal foco”

A gestão do Distrito ainda será formalizada, mas a ideia central é que todos os atores — poder público, universidades, iniciativa privada e sociedade civil — tenham participação 1ativa na transformação. Como reforça Walfredo, trata-se de um processo contínuo: “O distrito nunca terá finalização. Ele estará sempre em movimento, funcionando como laboratório de testes da cidade”, finaliza.
Por: Bruno Benevenutti, Gustavo Valente e Talita Kniess