Número de mulheres eleitas deputadas federais aumenta, mas ainda é baixo comparado ao número de homens no cargo
Vinícius Peyerl Vieira
Nos últimos anos, o movimento feminista, que luta pela igualdade e equidade das mulheres, tem resultado em efeitos na política nacional e global. Quando analisamos os números de deputadas federais na legislatura de 2015-2018, observamos um total de 51 mulheres eleitas. Já no mandato atual (2019-2022), o número é 50% maior, 77 mulheres foram eleitas.
Apesar disso, no ranking mundial de participação de mulheres no executivo, o Brasil fica na 167ª posição de 174. A cientista social, Caroline Negherbon, em pesquisa realizada, aponta que apenas 13,8% das deputadas são mulheres, em contrapartida o número de homens é de 86,2% do total. Isso é o mesmo que a cada 62 deputados homens, 10 serem mulheres.
Quando analisado por região, a parte do país com o maior percentual de mulheres eleitas é a Centro-Oeste, com 24%, mesmo essa sendo a região com o menor número de deputados eleitos. Já o menor número de mulheres eleitas, se concentra no Nordeste, com apenas 8% do total das deputadas. Estes cenários são reflexos das diferentes culturas das regiões.
No Brasil, a população de pretos e pardos chegou a 54% na última estatística do IBGE na última estatística do IBGE, mas o número de deputadas eleitas destas raças é igual a 2,1% do total de membros da câmara de deputados. As regiões Sul e Centro-Oeste elegeram apenas mulheres brancas. A população da região sul é composta 76% por pessoas brancas. Quando pensado exclusivamente o número de mulheres com cadeiras no congresso, 83% são brancas.
No Congresso Nacional, 21 partidos têm mulheres representantes, mas apenas um deles conseguiu eleger mais de uma mulher preta, o PSOL. O partido com mais cadeiras de deputados é o PT, com 54, e destas, 11 são ocupadas por mulheres, sendo apenas uma delas negra. O segundo partido com maior número de representantes é o PSL, com 52, e destes, 7 mulheres, todas brancas.
No aspecto de escolaridade das eleitas, 48% cursaram até o ensino superior e 36% tem alguma pós graduação. Apenas 4,2% foram até o ensino médio. Destas pós graduações, 7 são especialistas em ciências humanas e 7 em gestão e administração. Quanto a experiência prévia, quase 74% já exerceram cargos públicos previamente.
O resultado desigual obtido na pesquisa de Caroline serve como um demonstrativo dos preconceitos ainda enraizados. As mulheres sendo maioria da população, não conseguem refletir isso na política.Os partidos políticos devem alterar suas dinâmicas ainda no próximo ano para se adequar a nova lei que exige maior número de indicações para mulheres nos cargos. Agora é apenas questão de desconstrução e tempo, para que vejamos em execução uma política realmente democrática, espelhando quem são os verdadeiros cidadãos.