Vestimentas trazem aspectos históricos e afetivos da herança dos imigrantes que chegaram na região há 150 anos
A cada edição, a Festitália se consolida como a maior festa italiana de Santa Catarina. Em 2025, o que não falta é estilo e orgulho em manter vivas as raízes dos imigrantes que ajudaram a construir parte significativa da história nacional. Entre danças, música e gastronomia, os trajes típicos roubam a cena e encantam o público pela beleza, autenticidade e riqueza nos detalhes.
Italianos e descendentes desfilam trajes que remetem diretamente à Itália antiga, com forte influência camponesa e regional. Mais do que figurino, as roupas tradicionais usadas na festa representam, com fidelidade, os hábitos e a vida cotidiana dos antepassados que cruzaram o oceano em busca de oportunidades. E cada peça parece contar uma história.
Os tecidos usados nos trajes, leves como o algodão, ou mais resistentes, como a lã, variam de acordo com a região italiana representada. As mulheres vestem saias rodadas, vestidos longos e aventais, geralmente em tons escuros ou terrosos. A sobriedade das cores é um reflexo direto do cotidiano das mulheres trabalhadoras, que priorizavam a durabilidade e a funcionalidade das roupas.
“O avental era quase obrigatório. Elas andavam, normalmente, sempre de avental”, conta Iria Sandri, descendente de avós italianos. Em uma conversa marcada pela nostalgia, Iria também destaca o uso frequente dos xales, que cobriam os ombros das mulheres em ocasiões formais ou nos dias mais frios. “Sempre uma blusa bem fechadinha, nada de coisa aberta”, acrescenta, lembrando com carinho das roupas de suas antepassadas.
A vestimenta feminina também reflete valores da época, como a modéstia e o cuidado com a aparência, mesmo em meio às dificuldades do dia a dia. Em algumas comunidades mais simples, o uso de xales e tecidos finos era menos comum, sendo substituído por peças mais robustas e práticas.
Do lado masculino, o traje não deixava por menos. Calça de alfaiataria, camisa de algodão e colete formavam o conjunto básico, sempre com cortes bem estruturados e visual limpo. O colete, em especial, era considerado peça indispensável. Para os dias mais frios, completavam o look com um chapéu ou uma touca de lã, resgatando a indumentária tradicional dos camponeses italianos.
Mas um dos elementos que mais chama a atenção do público é o fagotto, uma sacola rústica feita de pano e amarrada com nós, usada antigamente como espécie de mala ou bolsa de viagem. O acessório, que carrega um simbolismo profundo, foi revivido na Festitália como representação do espírito migrante e da simplicidade dos tempos passados. Ao mesmo tempo em que emociona, encanta por sua funcionalidade e estética artesanal.
A escolha pelos trajes típicos na festa vai além da homenagem visual. É um gesto carregado de identidade cultural. Ao vesti-los, os participantes ajudam a preservar e transmitir valores, histórias e memórias que poderiam se perder com o tempo. Os figurinos viram ponte entre o passado e o presente, conectando gerações e fortalecendo laços de pertencimento.
Na Festitália 2025, cada costura teve seu significado. Cada bordado, sua narrativa. Em meio à celebração vibrante da italianidade, ficou claro que a cultura também se expressa por meio do vestuário, e que tradição, quando bem cuidada, nunca sai de moda.
Por: Emilly Coelho Farias e Maria Eduarda Formighieri Gunther