Ex-zagueiro, que chegou a enfrentar Cristiano Ronaldo e cia, hoje é supervisor de futebol do Metropolitano
Edemir Júnior
Todo menino que nasce no Brasil sonha ou, ao menos, um dia já sonhou em ser um jogador de futebol. No entanto, a realidade para grande parte deles é de muita dificuldade e muitos param pelo caminho. O blumenauense Rafael Schmitz não só conseguiu realizar o sonho de ser jogador profissional, como também teve uma carreira de sucesso, consolidada na Europa.
Rafael cresceu no bairro Nova Esperança, em Blumenau. Sua história no futebol começou por conta de seu pai, que era atleta amador e sempre o levava aos jogos. Com sete anos, Schmitz já jogava nas categorias de base do Blumenau Esporte Clube, e, ao longo da infância, jogou em diversos outros clubes da região. Com 18 anos, chegou a atuar na base do Santos.
Aos 20 anos de idade, celebrou seu primeiro contrato profissional no futebol com a equipe do Malutrom (que hoje se chama J. Malucelli), na cidade de Curitiba. Se destacou no Campeonato Paranaense e de lá partiu rumo à França, onde chegou a cidade de Lille, para jogar no clube local. “Foi uma felicidade muito grande. Chegando lá, tudo novo, foi uma experiência muito bacana”, conta.

Logo na primeira temporada, disputou a Liga dos Campeões. Em 2004, o atleta foi emprestado para o Krylya Sovetov, da cidade de Moscou, na Rússia, onde jogou por apenas seis meses. “É muito frio. As mãos e os pés ficam gelados o tempo todo. No primeiro jogo lá (na Rússia), não tinha grama, era só neve”, relata Schmitz, sobre o frio russo.
Nas temporadas seguintes, entre os anos de 2004 e 2006, o atleta teve seus “anos de ouro” na carreira, quando disputou duas Liga dos Campeões seguidas. Já na temporada 2007/2008, Rafael foi emprestado ao Birmingham City, clube da Inglaterra. Durou apenas uma temporada na ilha britânica, mas o suficiente para ficar marcado para sempre na memória do ex-zagueiro. “Foi uma realização, pois é um campeonato muito forte. Foi inexplicável jogar na Inglaterra”, conta Schmitz. Pelo Birmingham, Rafael chegou a marcar grandes jogadores, entre eles, Cristiano Ronaldo. À época no Manchester United, Cristiano ainda era apenas uma promessa, mas que já mostrava muita qualidade, conforme destaca Rafael Schmitz: “ele era muito novo, rápido, fazia bastante firula. Tanto ele quanto os outros, eram jogadores de muita qualidade”.

Em seu retorno à França, assinou contrato de quatro temporadas com o Valenciennes. No clube, Schmitz chegou com status de craque, ganhando a braçadeira de capitão da equipe.
Ao final do seu contrato, em 2012, o jogador retornou ao Brasil para atuar no Athletico Paranaense. Entretanto, o atleta não conseguiu fazer boas atuações, e acabou disputando poucas partidas. No ano seguinte, Schmitz decidiu pendurar as chuteiras e anunciou sua aposentadoria.
Após cinco anos longe dos gramados, o atleta, que passou 11 temporadas atuando na Europa, voltou a atuar, em 2018, para jogar no Metropolitano. Pelo clube blumenauense, Rafael conquistou o Campeonato Catarinense da Série B. Ao final do torneio, Schmitz pendurou as chuteiras em definitivo e atualmente está como Supervisor de Futebol do Metrô. Apesar de todas as dificuldades, Schmitz é a prova viva de que Blumenau e região pode sim revelar grandes talentos para o futebol nacional e internacional.

O país do futebol sofre derrocada de atletas
No Brasil, a nação se auto intitula como país do futebol. De fato, essa afirmação não parece estar errada, já que nenhum outro esporte consegue ocupar o espaço do futebol na cultura brasileira. O país que mais ganhou Copas do Mundo e que mais revela talentos do esporte, também é um país que enfrenta diversos problemas sociais. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 50 milhões de pessoas vivem na linha da pobreza. Isso equivale a cerca de 25% de toda a população do país.
O sonho de muitas crianças é jogar futebol profissionalmente. Porém, o que chama a atenção, é que a maioria deles sonha em atuar fora do “país do futebol”, mais especificamente, na Europa. Rafael Schmitz analisa a situação e explica porque isso ocorre: “como o futebol é um esporte que não precisa de muito investimento, só precisa de uma bola, e a gurizada sai o dia inteiro para ficar jogando, acredito que por isso o Brasil se considera o país do futebol”. O zagueiro, ex-jogador de Lille e Valenciennes, ainda conta que “a galera pensa em ir para fora o quanto mais cedo possível, porque a Europa é o centro financeiro do futebol”.