Fique atento (a)! Criminosos estão voltando a praticar golpes pelo telefone

Golpistas agem, principalmente, em cima de idosos, que são vítimas mais vulneráveis, segundo especialista

Edemir Júnior

Quem nunca recebeu uma mensagem SMS no celular dizendo que foi o ganhador(a) de um sorteio? Ou aquelas ligações com DDDs que não pertencem a Santa Catarina, e que ao  atender, a ligação fica muda? Mas um novo caso está assombrando a população do Médio Vale do Itajaí.

Criminosos estão ligando para pessoas aleatórias, que possuem telefone fixo, e falando como se fossem um parente distante da vítima, que estariam indo visitá-la. No entanto, alegam que o carro estragou e não possuem dinheiro para pagar o conserto. 

Rose Helena*, de 75 anos,  quase caiu no golpe e conta detalhes de como os criminosos agiram: “eles me ligaram e mandaram adivinhar qual o meu sobrinho que era o mais velho, mas que não morava em Timbó. Fiquei pensando e falei que era o Nego, que mora no Paraná. “Bem esse”, o golpista falou. Então, contaram que estavam vindo passear, visitar os parentes aqui da região e o carro estragou. A ligação caía e voltava. Ficavam enrolando. Por fim, ele pediu para eu ligar para a oficina, me passando o telefone de lá, para eu falar com o mecânico e ver se a peça que faltava estava chegando. E nisso, o cara disse que eles não aceitavam cartão e nem cheque, somente dinheiro vivo. Aí, o outro já ligou de volta e disse que a peça tinha chego. Então, falou que não tinha dinheiro que chega. Pedi quanto ele precisava e ele falou que era 1200 reais. Eu respondi que não tinha esse dinheiro em casa. Nesse momento, meu filho pegou o telefone e, desconfiado, começou a engrossar a voz, percebendo que algo estava de errado e desligou. Depois disso, os bandidos nunca mais ligaram”. 

Rose relata que se o filho dela não estivesse em casa no momento da ligação, provavelmente teria caído no golpe: “A sorte é que ele estava em casa. Parece que a gente fica boba e cega ao mesmo tempo. Não caiu a ficha”. 

Já Pedro Almir*, de 62 anos, não teve a mesma sorte que Rose Helena. Pedro recebeu a ligação da mesma maneira que Rose, mas acabou caindo no golpe e perdendo 1200 reais. “Não desconfiei, pois eu liguei para os parentes de Curitiba e eles acabaram confirmando que estavam vindo para Santa Catarina. Curiosamente, a história bateu e eu depositei o dinheiro na conta dos bandidos”, relata.

De acordo com o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), esse tipo de crime caracteriza-se como estelionato: “uma infração penal contra o patrimônio que pode ser praticado por qualquer pessoa que tenha a intenção de enganar alguém para lhe tirar vantagem”. 

O advogado Arthur Walker, ressalta que os criminosos atuam, especialmente, em cima de idosos, pois são mais frágeis à emoção do momento: “geralmente, os crimes de estelionato envolvem a emoção do indivíduo. Infelizmente, as quadrilhas praticantes desse malfeitoria vêm se especializando no golpe que praticam. Ou seja, sabem onde e contra quem praticar. A vulnerabilidade dos idosos em relação às redes sociais, principalmente relacionado ao seu manejo, acabam ampliando a ocorrência desses delitos nos idosos”.

Foto: Júlia Beatriz

Arthur também pontua que a pessoa que sofrer o golpe deve comunicar imediatamente a polícia: “quem receber uma ligação desse tipo, deve imediatamente comparecer na delegacia de polícia e informar o delito que acabou de acontecer. Ressalto que a comunicação deve ocorrer mesmo que a pessoa não tenha caído no golpe, tendo em vista que a polícia deve atuar de igual forma, visando a coibição de novos crimes de estelionato”. 

Infelizmente, muitas pessoas que sofrem o golpe preferem não comunicar a polícia, pelo simples fato de se sentirem envergonhadas. Foi o que aconteceu com Pedro, que optou por não informar a polícia. “Não, não (sobre avisar), é só para passar vergonha. Para eles ficarem rindo. Aconteceu, bola pra frente”. 

*As identidades reais das vítimas não foram divulgadas, por questões de segurança.

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