Figuras históricas relembram 40 anos de Oktoberfest 

Diferenças entre as quatro décadas vão de mudanças na estrutura a costumes de vestimentas e organização 

Neste ano, a Oktoberfest Blumenau completou 40 edições. Ao longo dessas quatro décadas, a festa passou por diversas mudanças. Entre as mais conhecidas mudanças está a alteração do nome do local de realização, que em sua primeira edição era chamado Pavilhão Proeb e hoje é conhecido como Vila Germânica. Outra novidade em 2019 foi a implementação de catracas para contabilizar os participantes. A mais recente inovação é a modernização da segurança, que atualmente conta com 330 câmeras de monitoramento com reconhecimento facial. Essas transformações mostram como a festa se molda, mantendo sua tradição ao mesmo tempo em que incorpora novidades. 

Em 2025, uma das principais atrações foi o retorno do Ginásio Galegão como espaço de entretenimento e acesso ao público. Segundo Guilherme Benno Guenther, diretor Administrativo-Financeiro da Vila Germânica e presidente da Oktoberfest Blumenau, o objetivo foi recriar uma experiência semelhante à da Oktoberfest de Munique, com decoração e ambientação especiais: assentos e decks de madeira, uso de canecos de vidro e porcelana nas refeições, além de festivais de danças germânicas e apresentações de grupos folclóricos, valorizando o atrativo cultural do espaço.  

“Os grupos folclóricos ocuparam uma posição de coadjuvante sempre se apresentando em trocas de banda, então é um movimento muito importante pra consolidação dessa nossa cultura”, afirma Guilherme Guenther. 

Segundo Guilherme, a Oktoberfest Blumenau busca constantemente inovar, oferecendo uma festa segura, com tecnologia a serviço do público e atenção especial às necessidades dos visitantes. Esses recursos podem ser vistos nos terminais de autoatendimento, que orientam sobre banheiros, ambulatórios, pontos de alimentação e caixas, ou também nos totens de segurança, que permitem contato rápido com a Polícia Militar em casos de emergência. 

Transformações que se tornam históricas 

Desde 1984, a professora Sueli Petry acompanha de perto a transformação da festa. Historiadora oficial de Blumenau, ela participou de todas as 40 edições e preserva na memória e no acervo histórico da cidade cada mudança ao longo dessas quatro décadas. 

No ramo gastronômico, por exemplo, o tradicional bretzel mostra como partes da festa se transforma pela preferência da população e turistas na interação da cultura. Tradicionalmente, o doce coberto com chocolates e confeitos é servido apenas com sal grosso para estimular o paladar a ser limpo pela cerveja gelada. 

Outra mudança marcante está nos trajes típicos das rainhas da Oktoberfest. Antes da primeira edição da festa, era comum a escolha das realezas nos clubes de caça e tiro ou no Festival da Cerveja. Naquela época, porém, os trajes não eram fiéis à vestimenta alemã típica do século XVIII, como se vê hoje.   

Desde 1984, na estreia da Oktoberfest, os vestidos passaram por alterações que os aproximaram visualmente dos trajes germânicos, com mudanças na estrutura e no comprimento. Os acessórios, como as tiaras, surgiram como um toque local, uma criação dos próprios blumenauenses. Essa adaptação foi resultado de um estudo que buscava reproduzir de forma mais realista as características das roupas tradicionais. 

Com o passar dos anos, o traje se transformou em um símbolo que ultrapassou o universo das realezas e dos desfiles, despertando no público o desejo de se vestir e se sentir parte da celebração. 

“Quando nós falamos em festa, ela não é só a festa da cerveja. Ela trouxe contribuições, um despertar do sentimento germânico de revitalizar e reavivar os seus antepassados, a sua história, e sempre, eu percebo, buscando afirmar cada vez mais essa identidade blumenauense”, ressalta a historiadora Sueli Petry. 

Para ela, a OIktoberfest vem se consolidando por meio da constante melhoria na organização, tendo a segurança como marca e reafirmando o evento como uma celebração para toda a família. Como ela destaca, “a nossa festa começou com famílias e continua com famílias. Dizer do que sinto falta? Ela só cresceu, só evoluiu. Então, ela tem agora um novo perfil e, para ser franca, eu gosto muito da festa como ela é hoje, mais florida.” 

Luiz Cé e a origem do Vovô Chopão 

Mesmo após 40 anos de mudanças, alguns ícones da festa permanecem inalterados. O Vovô Chopão, criação do chargista e publicitário Luiz Cé, é um deles, querido e reconhecido por todos. 

Luiz explica que a ideia do personagem surgiu em 1979 após um trabalho para o governo do Estado de Santa Catarina, que tinha o objetivo de criar um personagem para ilustrar um jornal educativo que circulava nas cidades de norte a sul do estado. A convite dos organizadores da primeira Oktoberfest, a criação foi utilizada na divulgação e esteve nos materiais promocionais da festa, ilustrando banners, canecas e outros souvenires. 

Por já ser conhecido entre a população por suas histórias nos jornais, o Vovô Chopão foi recebido como mascote do evento. No segundo desfile, em 1985, a organização pediu ao criador, Luiz Cé, que humanizasse o personagem para participar do desfile, dando-lhe vida própria. “Foi um sucesso total, porque ele saiu do papel e estava ali caminhando e conversando com as crianças”, recorda o criador. Hoje, ao lado de sua companheira, a Vovó Chopão, o Vovô alegra as crianças e diverte os turistas com fotos e vídeos. 

Sargento Junkes: personagem traz humor e visibilidade para Oktoberfest na era digital  

Com a era digital, foram integradas novas figuras da cultura local que chamam atenção e fortalecem a presença nas redes sociais. Entre elas está o Sargento Junkes, personagem criado pelo humorista Tiago Junkes, 39 anos. Na edição de 2025 o Sargento apresentou a tradicional disputa do Chope em Metro, uma das competições mais aguardadas da festa. Nas redes sociais, as postagens sobre a Oktoberfest, que incluem esquetes de humor, propagandas e informativos, somam mais de 2 milhões de visualizações. 

Junkes, uma presença marcante na Oktoberfest, destacou as principais mudanças que vivenciou: “De uns 15 anos foram feitos trabalhos para limitar o público e o conforto, para o pessoal conseguir circular e aproveitar a festa, além da questão de fazer com que as pessoas fiquem e se hospedem na cidade, para o caixa da festa é bom e de certa forma até para qualidade as famílias”, observou o humorista. O Sargento conta com mais de 470 mil seguidores nas redes sociais onde ativamente alegra seus seguidores com piadas e brincadeiras. 

Oktoberfest Blumenau se despede com entrada gratuita, escolha da Realeza 2026 e expectativa para superar a marca histórica de lucro 

As modificações ao longo dos anos continuam atraindo um grande público para a Oktober, mantendo-se como a maior festa típica alemã das Américas e a segunda do mundo. Nesta edição, inclusive, a festa atingiu novos recordes de público. No segundo sábado, dia 18 de outubro, foi registrada a maior presença de público em um único dia, com 81.277 pessoas. Ao todo, 689.201 visitantes passaram pela Vila Germânica durante os 19 dias de festa, o maior número desde o início da contagem por catracas, implantada em 2009. 

As celebrações chegaram ao fim neste domingo, dia 26, com entrada gratuita e a escolha da nova Realeza para 2026. A modelo Letícia Zonta, 32 anos, foi eleita a nova rainha. A estudante Nicoli Heinzen Lucas Gassen, 24, foi escolhida como 1ª princesa. A advogada Luana Oenning, 26, será a 2ª princesa. Elas vão divulgar a festa e representar Blumenau pelo mundo até outubro de 2026, quando tudo se repetirá, numa mistura de novidades, tradição e alegria. 

Por: Bruno Bevenutti, Vinicius Wippel e Talita Kniess Adriano

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