Defesa Civil é o órgão responsável por coordenar trabalhos de diferentes áreas
Os desastres naturais têm se tornado cada vez mais frequentes e exigem uma resposta articulada dos órgãos públicos e da sociedade civil. Nos estados e municípios, geralmente é a Defesa Civil que assume o papel de organizar o trabalho de auxílio à população durante alguma catástrofe. Ela é o órgão responsável por atuar na gestão de riscos e desastres, enquanto os profissionais de salvamento são responsáveis em responder rapidamente, resgatar vítimas, oferecer assistência médica e garantir a segurança das pessoas afetadas.
Segundo o Secretário da Defesa Civil de Blumenau, Carlos Menestrina, desde a colonização Blumenau enfrenta eventos naturais e possui um histórico de enchentes, deslizamentos e chuvas pontuais. Ele conta que há 50 anos a prefeitura estruturou uma equipe para fazer a gestão dessas crises, articulando o trabalho de diferentes órgãos e organizações. Era a Comissão Municipal de Defesa Civil (Comdec), implantada pela lei 1.981, de 20 de dezembro de 1973, após a organização da Defesa Civil de Santa Catarina, em maio do mesmo ano.

Anos mais tarde, em 1989, foi criada a Defesa Civil de Blumenau, que estruturou planos de contingência para gerenciar situações causadas por eventos naturais. “Anualmente, durante o mês de julho, que é considerado o mês da defesa civil em Blumenau, nós procuramos fazer um simulado envolvendo toda a sociedade para que ela esteja preparada para esse tipo de enfrentamento. Sabendo como fazer, quando fazer e onde fazer os procedimentos a serem anotados para salvaguardar o patrimônio e a própria vida”, explica.
No Corpo de Bombeiros de Blumenau, o bombeiro comunitário e instrutor de brigada, Eron Domingues, comenta que a diversidade de áreas e situações que o bombeiro pode atuar é imensa, especialmente quando se pensa em desastres. Um dos pontos fundamentais para lidar com esses desafios e garantir uma resposta apropriada é a capacitação e especialização da equipe, além da melhoria constante da estrutura e dos equipamentos.
Coordenação das ações
Quando ocorre um desastre, a Defesa Civil aciona o Grupo de Ações Coordenadas (Grac), que é composto por representantes da Defesa Civil, Polícia Militar, Exército, Bombeiros, Samu, rádio-operadores e secretarias municipais, como Desenvolvimento Social, Saúde, Trânsito e Transportes, Conservação e Manutenção Urbana, entre outros. Quando acontece algo que precisa da mobilização desses órgãos, a prefeitura os convoca para a gestão do desastre, definindo quais ações cada entidade deverá realizar.
Para garantir uma resposta eficaz aos desastres, Menestrina explica que a Defesa Civil aciona todos os protocolos necessários, como o acionamento gradual dos 59 abrigos destinados a pessoas que necessitem sair das suas casas, seja pelas enchentes, ou pela possibilidade de deslizamentos de terra. Esses protocolos especificam tudo o que cada entidade precisa fazer conforme o tipo de situação enfrentada.
Menestrina diz que a atuação integrada dos diferentes órgãos e entidades, por meio do Grac, permite que a resposta seja ágil e articulada em situações de crise, resguardando vidas humanas e minimizando danos. Uma das organizações mais lembradas pela população durante os desastres naturais é o Corpo de Bombeiros. De acordo com o bombeiro comunitário Eron, uma das primeiras atividades da equipe é verificar a segurança do local onde os profissionais irão atuar.
“A avaliação de uma situação é ponto fundamental no início de qualquer incidente. Parte-se do pressuposto que a segurança é a primeira prioridade nas operações. Identificam-se os riscos, procura-se aliviá-los, para que as equipes possam trabalhar dentro de uma condição de ‘risco aceitável’, de forma consciente e prudente”, relata.

Todas as ações são estudadas previamente e constam do “Plano de Contingência contra Inundações e Escorregamentos”, que é atualizado anualmente e estabelece ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação a serem realizadas por 32 instituições parceiras pertencentes às esferas governamentais e não governamentais que compõem o Grac.
“No que se refere à evolução da Defesa Civil e do Grac, considerando as mudanças climáticas e as inovações tecnológicas, é fundamental que a gestão de riscos de desastres seja discutida e compartilhada entre os diferentes atores sociais e setores da sociedade”, afirma a assistente social da Defesa Civil de Blumenau, Juliana Ouriques.
Em momentos de emergência, a tomada de decisões sobre onde direcionar os esforços de resgate é uma tarefa delicada e crucial. Esta decisão é profundamente influenciada pela urgência em salvar vidas, levando em conta não apenas a quantidade de pessoas afetadas, mas também a gravidade dos ferimentos. Não é apenas uma questão de números, mas sim de priorizar as necessidades imediatas daqueles em perigo.
Porém, há uma dificuldade que demanda um pouco mais de atenção: a previsão e avaliação do surgimento de novos eventos que possam ampliar ainda mais o impacto do desastre. Esta análise não apenas orienta a distribuição eficiente de recursos, mas também garante uma abordagem estratégica para otimizar as operações de resgate. O objetivo é não só salvar vidas, mas também minimizar o risco tanto para as vítimas quanto para os próprios socorristas, buscando uma resposta que seja eficaz e segura para todos os envolvidos.
Eron aponta que a ocupação humana em áreas de risco é um fator que precisa ser avaliado cuidadosamente pelos órgãos públicos, a fim de que seja possível prevenir eventos que possam trazer riscos à vida das pessoas que moram nesses locais. Para Menestrina, os deslizamentos ainda são um dos maiores desafios enfrentados pela cidade, principalmente após a tragédia de 2008. Além disso, ele também diz que as chuvas pontuais constituem um grande problema, porque não se sabe como e quando elas virão.
Ferramentas de monitoramento de desastres
Menestrina conta que, em 2008, a Defesa Civil passou por uma reestruturação e atualmente possui três diretorias: uma de operações, para o atendimento às pessoas atingidas e necessitadas, uma de geologia, que analisa e orienta com relação aos deslizamentos, e uma de meteorologia.
“Nós temos em Blumenau, uma das únicas cidades, que tem um aplicativo que se chama AlertaBlu, onde além da previsão meteorológica são colocados ali todos os avisos, as orientações, as previsões, além de outras informações que são necessárias. Com base nessa previsão meteorológica são estabelecidas todas as ações necessárias para que, primeiro, a comunidade tenha conhecimento e ela saiba como se comportar e o que fazer quando ocorrer esse tipo de fator”, explica.
Ao mesmo tempo, os representantes das instituições envolvidas no atendimento da população recebem todas as informações de previsão e ações necessárias para o apoio à sociedade. Todas as regiões que poderão ser atingidas são imediatamente notificadas ou, se por acaso foram atingidas sem serem avisadas, elas têm uma ação de resgate e socorro preparada para auxiliar a população e minimizar os danos.
Por Maria Bendini