Símbolo da cultura italiana, acessório atravessa gerações, se reinventa e ganha espaço também nos looks do dia a dia
Mais do que um simples acessório, as boinas tradicionais carregam séculos de história e representam uma verdadeira herança cultural para os descendentes de italianos. Quem passeia pela Festitália percebe: elas estão por várias partes. Na cabeça de quem dança, de quem canta, de quem celebra. É como se cada boina contasse, silenciosamente, um pedaço da história de quem as usa.
Na Itália, esse item sempre foi muito mais do que estética. A boina tem sua origem ligada ao campo, ao trabalho e à vida simples dos vilarejos. Era o que protegia do frio, do vento e do sol. Mas, com o passar dos anos, ganhou um novo significado, se tornou símbolo de pertencimento, de orgulho das raízes, da força de quem carrega no sobrenome uma história de imigração.
Durante a Festitália, usar a boina é, para muitos, um ritual. Ela conecta gerações, revive memórias e, de certa forma, homenageia aqueles que vieram antes, trazendo na mala pouco mais que esperança e amor pelas tradições. É uma forma carinhosa de dizer: “eu lembro de onde vim”.
E se antes ela era um item típico das lavouras, hoje virou também peça de desejo, que transita entre o tradicional e o contemporâneo. Tanto que tem chamado a atenção até de quem busca estilo e autenticidade. Na Festitália, a cena se repete a cada edição. Quem veste o traje típico dificilmente abre mão da boina. Ela faz parte da composição, mas vai além da estética.
É nesse ponto que tradição e estilo se encontram. A empresária Catia Aparecida da Cunha, proprietária da Chapelaria Presentes e Variedades, acompanha de perto essa transformação e explica como as boinas conquistaram espaço também no dia a dia.
“Hoje as boinas não são mais de nonnas e nonnos. Hoje a boina é muito casual. Você pode usar em um look esportivo e pode aprimorar para usar em ternos e roupas mais sociais. Ela se adapta, ela conversa com vários estilos e agrega muita personalidade”
Cátia Aparecida da Cunha
Segundo ela, a procura durante a Festitália é intensa, e muitos acabam levando a peça não só como recordação, mas como um item que seguirá fazendo parte da rotina. “A faixa de preço varia entre 50 até 199 reais. Muitas pessoas compram a boina para usar na festa, mas depois vão usar nas suas rotinas. Ela virou realmente um acessório coringa, que sai do evento e vai pra vida”, conta.
O que chama a atenção é que esse costume, que parecia restrito às gerações mais antigas, tem sido ressignificado pelos mais jovens. Na Festitália, não são apenas os idosos ou os integrantes dos grupos folclóricos que adotam a boina. Ela aparece também nas cabeças dos netos e bisnetos de imigrantes, e até de quem não tem nenhuma ligação familiar direta, mas se encanta com a cultura italiana e quer, de alguma forma, se sentir parte dela.
Mas a história das boinas não para por aí. Nos últimos anos, esse acessório ultrapassou os limites das festas típicas e das celebrações culturais. Saiu dos eventos temáticos e ganhou espaço também nas ruas, nas vitrines, no universo da moda. Isso porque, além de todo o seu valor cultural, a boina também carrega uma estética muito particular: charmosa, atemporal e cheia de personalidade.
Na cabeça de quem carrega história, tradição e estilo, a boina deixou de ser apenas um símbolo do passado para se transformar em um acessório que celebra o presente e segue firme, atravessando gerações. Na Festitália, ela não é só um detalhe. É identidade, é memória, é pertencimento.
Por: Amabile de Oliveira Fernandes e Natália Bollmann