Alunos do Ensino Médio da Escola S criam mecanismos de prevenção e conscientização
Uma iniciativa da Escola S de Ensino Médio está desenvolvendo projetos de iniciação científica focados em eventos climáticos de alto impacto em Blumenau e região. As atividades são realizadas pela professora de geografia Ana Carla Zultanski e por 19 estudantes.

Apaixonada por geologia, climatologia e, principalmente, planejamento urbano, a professora buscou, através dos projetos e com a ajuda dos alunos, pensar soluções diante dos desastres naturais. Além disso, os projetos também são voltados para ajudar as comunidades carentes da região, bem como auxiliar a Defesa Civil na gestão desses eventos.
aParte: Qual é o objetivo do projeto e como ele está organizado? Quantos grupos são e quem faz parte deles?
Ana: O projeto é uma iniciativa da Escola Sesi Ensino Médio e cada unidade de Santa Catarina tem uma temática diferente. No nosso caso, o meu projeto, que foi aprovado estadualmente pelas Escolas Sesi, visa estudar os eventos de alto impacto climático que atingem nossa cidade e região e encontrar soluções objetivas para tais problemas.
aParte: Quais são os projetos desenvolvidos?
Ana: Ao todo, são cinco projetos. O primeiro é um sensor com placa de Arduino, para prever umidade e movimentação de solo. Ele ficará em residências individuais que têm morros que oferecem risco aos moradores. Esse sensor avisará se terá risco de queda de barreira dependendo da quantidade de umidade do solo, permitindo que as famílias possam sair em segurança do local de risco. O projeto é desenvolvido por Rafael Levi Coelho, Ana Luiza Gerber, Júlia Menegildo Gerber e Maria Carolina Gerber. O segundo é um sensor de qualidade do ar. Esse projeto é voltado para a área da saúde e visa avaliar a poluição em determinadas áreas da cidade em épocas de chuva e épocas de seca, visando a prevenção de doenças respiratórias. Os dados já foram coletados e estão sendo compilados. Este projeto concorreu na feira brasileira de iniciação científica. O projeto é desenvolvido por Isabela Caroline Reiter, Beatriz Garcia Leite, Melissa Yasmin bento, Arquelau Pasta e Cintia Mara Pfiffer Muniz. Já o terceiro é um software para o gerenciamento de recursos físicos, financeiros, materiais e humanos em eventos de catástrofes climáticas para a Defesa Civil de Gaspar. Este projeto visa criar um sistema que auxilie a Defesa Civil a gerir melhor os recursos, haja visto que em tempos de catástrofes, as ações precisam ser imediatas e que possam atender de pronto a comunidade. Os estudantes visitaram a Defesa Civil e, a partir das demandas apresentadas pela superintendente da Defesa Civil da cidade, começaram a implantar a pesquisa. O projeto é desenvolvido por Kauã Rodrigues Mellato, Antonio Rocha Silva, Gustavo Franke e Márcio Schoenfelder. O quarto projeto é um documentário sobre a comunidade da rua Coripós. A partir da visita de campo que o grupo de pesquisa fez, as estudantes decidiram elaborar um documentário em forma de curta metragem, visando informar à comunidade, valorizar seus moradores, contar a história de eventos climáticos na área, bem como valorizar a ação dos moradores em construir a comunidade, bem como gerar empatia em relação à comunidade, que é muito discriminada e que, por vezes, não é atendida pelo poder público. O projeto é desenvolvido por Jamyle Ebel, Roberta Martenthal, Aime Climaco Martins e Ana Luiza Jesus Monteiro. Por último, o quinto projeto trata sobre o aplicativo que visa informar a comunidade sobre como agir se houver um evento climático como deslizamentos, enchentes e enxurradas. Este projeto também visa ser uma ferramenta educativa para a comunidade. O projeto é desenvolvido por Pablo Ronchi Pereira e Márcio Schoenfelder.
aParte: Como a escola e os alunos receberam essa proposta? Todos conseguiram se engajar bem?
Ana: A escola foi a maior incentivadora. Fizemos um processo de seleção de bolsistas, sendo que 15 destes estudantes foram escolhidos para serem pesquisadores do projeto. Eles recebem um valor mensal e encontram-se todos os sábados pela manhã para as saídas de campo, pesquisas e escritas.
aParte: Como está sendo desenvolver o projeto? Quais ações estão sendo realizadas?
Ana: Sou suspeita a falar, o projeto é “minha menina dos olhos”, pois estudantes de 15, 16 e 17 anos estão pesquisando artigos científicos, solo, climatologia, planejamento urbano, gentrificação e, por si só, planejaram encontrar saídas para as problemáticas apontadas. Os estudantes tiveram total autonomia para pesquisar e executar as pesquisas, elaborando posteriormente os sensores, softwares e documentários. Não tem explicação o avanço intelectual, social e interacional que eles tiveram.
aParte: Como foi decidido as áreas que seriam estudadas?
Ana: O tema geral foi definido a partir da apresentação por minha parte do projeto para a direção estadual da escola S e do IEL, que é o instituto de pesquisa e extensão do sistema S – Fiesc, bem como com parceria com a Unisenai. Posteriormente, a escolha dos bolsistas por meio de edital e escrita de um mini projeto, os selecionados, em grupos decidiram quais os temas relevantes para estudar, dentro da problemática geral.
aParte: Quais serão os resultados do projeto?
Ana: Os resultados esperados estão em andamento. Iniciamos o processo em abril e no ano de 2024 iremos implantá-los totalmente. Já temos os dados do sensor de qualidade do ar, estamos no processo de construção e adaptação do sensor de movimentação de massa, da edição do trailer do documentário, e terminando a primeira parte dos softwares para apresentação para a Defesa Civil de Gaspar. Esperamos contribuir junto ao poder público e a comunidade da rua Coripós também, para poder garantir maior segurança para as famílias atingidas por tais eventos.
aParte: Qual a importância de um projeto desse porte para Blumenau e para a região?
Ana: São inúmeras possibilidades, pois além de engajar jovens estudantes a pensar soluções concretas para as problemáticas climáticas e ambientais de nossa cidade, poderemos propor e discutir com a comunidade e poder público saídas concretas e auxiliar as comunidades em relação à prevenção de tragédias climáticas
aParte: Essas ações serão implementadas se alguma forma? Como isso será feito?
Ana: Os protótipos estão sendo feitos, já temos dois sensores coletando os dados e esperamos que até outubro de 2024 todos os projetos já estejam engajados de forma efetiva em algumas áreas e também na Defesa Civil de Gaspar.
Confira o trailer do documentário do projeto:
Por Iáscara Zultanski